Velhos cadernos surrados, batidos, mas lá estão guardados todos os sentimentos: textos elaborados, poemas inacabados, notas de compra, desenhos infantis e “avisos” de que: “fui ao supermercado”. Estes cadernos são mundos..., mundos encantados, onde personagens verdadeiros ou inexistentes descansam e sonham com sentimentos bordados.
Poemas, contos e notas de compra, quase diários ou documentários. Universo particular, onde neles moram, em perfeita harmonia, prosa, verso, pensamentos vagos, e quem não teria em sua gaveta, ou sempre à mão, um destes velhos cadernos?(...)
Meus amigos secretos, silenciosos, (quase antiquários) - pau para toda obra! Poderiam virar uma boa “peça de humor”, em momentos mais tristes um drama, nas horas de euforia uma boa prosa. Como uma comunidade unida, todos moram e todos têm espaço. Em cima da mesa, olham para o computador com um certo ciúme. Em suas amarrotadas páginas, guardam segredos e confissões e ali ficam esquecidos, às vezes, entre a poeira e os dias... Mesmo hoje substituídos pelo teclado e seu ruído, serão sempre bons amigos. Parecem ter alma, depositários e fiéis abrigos de sentimentos vários. Amores novos, amores antigos, saudade, canções, desenhos, enfim... Tudo carregam consigo, atravessando o tempo, guardando tantas histórias, velhos cadernos de memórias.
(Ednar Andrade).