Procuro incessante a razão
porque me canso, e sou feliz
como pequeno e ausente petiz
cantarolando ousado, a canção
que lhe dá esse cariz
de feliz, sem explicação
A canção não dói
mas dói a razão
salteada num turbilhão
que a vida me ausentou
por ousar, sem pensar
se o amor causa dor
se o viver é parecer
que se quer sem querer
e se o amar é ousar.
Nasci preso, neste fio condutor
Pedi? Não.
O desejo não existe, sem o seu autor
Como quer o ignorado?
Se assim ou se assado?
Se a dor, ou destemor
que nega o peso do passado?
Louco sou?
Talvez não.
Quem rola de noite na relva?
E lança rosas, que aquentam esta selva
Quem troca dedos por silêncios calados?
E pensamentos flutuantes, por outros, obstinados
Quem te ama em pura sedução?
Quem ao espaço, disse, Não.
Loucos nós.
Que selamos o desejo
pelo ensejo da emoção
Não te tenho, vento errante.
És completa liberdade
Não por vício ou vaidade
mas por urgente necessidade
do calor não sereno
num vórtice de Verão
Alma minha sonho meu
minha eterna canção
fazemos de cada dia
a essência da união
Rui Santos