Há lugares em mim, perdidos no meio da estrada
Desertos áridos e finais que me tornam infinito
Quintas-feiras enjoadas no tédio do fim das tardes
Absintos matutinos que me atiçam a saudade…
Só que ainda há lugares em mim, onde me encontro sem querer
Um quintal com laranjas e sabão azul e branco
Sou cinzento de corpo nu a brincar defronte ao tanque
Não és o mausoléu esverdeado de pedra cálida.
Eternamente, tu és vida em nós dois
Nunca durmo á noite sem que me perdoes
Sinto saudades que me aleijes a pentear.
A herança que deixas-te é ser nada em frente ao rio a chorar os ferry-boats
Manhãs embriagadas com arvores a sangrarem
Mundos destruídos na janela da cozinha
Eternamente tu…Traís-te o nosso amor
Olha estas nódoas negras todas despenteadas
A minha roupa amarrotada toda suja de laranjas
Este meu olhar nu como um mausoléu cinzento
Este tanque de absinto onde me encontro sem querer
Vou fazer tudo mal, hoje não quero o teu perdão
Quem sabe assim não consigas tu dormir
E no corolário de uma lágrima tão cheia de saudades tuas
Me encontres no meio da estrada num lugar perdido em mim.
Estou deserto para te encontrar
Beija-me as nódoas negras
Eternamente tu…
Se não te perdoar... prometes que acordas?
Mãe...tenho a roupa amarrotada toda suja de laranjas.