Lamúrias desta voz castrada
Que estando velha e cansada
Se fez nua à trôpega estrada
E repousa só à sombra, sem nada.
Castas vozes lamuriantes
Que nos nevoeiros figurantes
Cegam em bravos ecos contagiantes,
Braços de guerreiros navegantes
Que em noites de ventos ofegantes
Empunham suas espadas desafiantes
Espadas que empunham desafios
Matam homens e tingem rios
Deixam corpos castrados e frios
Aos olhos secos e pios
Loucos de gastos elogios
A seus corpos esguios
Noites que respiram o vento
Levam-lhe o medo e o sentimento
O tempo e a chuva, o momento
O ar e a terra onde me sento
Cobertas de letras que invento
Maldito seja o ressentimento
Mares onde navegam braços guerreiros
Outrora fadistas e marceneiros
Povos bons, alguns verdadeiros
Agora somente pais... sem herdeiros
De velhos olhos feiticeiros
Mares que vos levam, marinheiros
Bravura de ecos que se contagiam
Que soltariam a palavra e a gritariam
A lembrar como a viviam
Tudo o que dela sabiam
Sem saber onde iam
Mas como... viviam!
Nevoeiros que desfiguram o horizonte
E esquecem o sabor da água na fonte,
O cantar dos pássaros no cimo do monte
A cada fio de sol que aí desponte...
A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma