Dos berços fofos de linho
Aos ninhos de palha podre
Onde houver uma criança
Aí será o meu natal
Não no coração dos ricos
Que me enganam e me ofendem
Que me ignoram e me vendem
Quando aos pobres maltratam
Não nas mesas dos tiranos
Dos perversos dos falsários
Dos que roubam os salários
Dos que matam dos que enganam
Dos que abusam dos mais fracos
Para fins mais desunamos
Mas sim na mesa dos pobres
Dos que vivem na miséria
E levam a vida á séria
Dos que criam
Dos que zelam
Nos hospícios e hospitais
Nos porões e nos albergues
Nas celas dos condenados
Nos berçários e nas igrejas
E nas falas dos namorados
No coração dos amigos
Onde não existe mal
Mas sobretudo no homem
Estes sim terão natal
E o natal se não sabe
Nem para todos é alegria
Há muitos outros que choram
Sem comida nesse dia
Por isso
Onde houver uma criança
Ou um coração de criança
Aí sim há um natal
Mesmo sem ter alegria