Quantas vezes não pensaste,
Em coisas que tu gostavas.
Mas não as realizaste.
Nem sequer as começavas.
Ficavas com o pensamento,
E só isso era consolo.
Tal e qual um casamento,
Em que não comes do bolo.
Habituaste-te a viver,
Sem teres rumo nem destino.
E acabaste a sofrer,
Uma vida de desatino.
Sem nunca tu conseguires,
Aquilo que tu sonhavas.
Acabaste por não ires,
Aos sítios que tu pensavas.
Vivendo na apatia,
De veres os outros viver.
E passando o dia a dia,
Sempre e só, para sofrer.
Habituaste-te assim,
A seres um bicho do mato.
E ao sofrimento sem fim,
Vivendo tal como um rato.
Que sabe que é nocivo,
Se o veneno comer.
E só sente que está vivo,
Porque continua a roer.
Vivendo tal como um rato,
Que nada sabe da vida.
Que se vê no meio do mato,
Sem saber onde há comida.
Assim tu vives também.
Tal e qual rato caseiro.
Sabendo tu mais que bem,
Que não vives sem dinheiro.
E pensando muitas vezes,
Em coisas que tu gostavas.
Passavam dias e meses,
Em que tu nada alcançavas.
Pensavas tal como um rato,
Mas mostravas estar contente.
E fazias-te passar por gato,
Enganando muita gente.
Habituaste-te a viver,
Com muito pouco, ou nada.
Ás vezes sem teres comer,
Em cima levavas porrada.
Tinhas que viver satisfeito,
E acordar sempre cedo.
Eras um rato perfeito,
Ao teres que viver com medo.
Satisfação de viver.
Vivendo tal como um rato.
Que todos queriam ver,
Tal e qual bicho do mato.
O rato que tudo rói,
Não liga a credos ou cores.
E uma ferida só lhe dói,
Quando sente muitas dores.
Vivendo tal como um rato,
Muitos dias, muitos meses.
Alcunharam-te de ingrato,
Não uma, mas muitas vezes.
Perdeste a vontade de rir.
E perdeste anos de vida.
Mas não podes admitir,
Que a vida está falida.
Quem nunca viveu assim,
Não sabe dar o valor.
E chega sempre ao fim,
Sem ter pontos a favor.
zeninumi 3/9/2007
zeninumi.