Onde quer que estejas
Por onde tenhas passado
Tenham os teus projectos dado fruto
ou, não hajam passado do papel.
Tenhas rido, ou chorado sem saber
Comprado um rio chuva escarlate
ou vendido um monte de ilusões permanentes
Cada passo que deste assertivo
Cada bala que negaste segurar
Cada gota que colheste e guardaste
Foram espumas, que o tempo soprou
Nada, de mais importante, há
que o dia de amanhã
Que sejas vagaroso a gerá-lo
e o preenchas de gente viva
Gente feliz
Temperada de esperânça liberta
e de amor, superabundante
Na verdade, essa é a memória que fica.
Tudo mais, perde a validade, e cai
Páginas de estórias, irisadas em ti
Marcas tuas, de afectos abertos
vincadas, por dádivas despegadas
Assim será o teu tesouro indizível
o teu reino de saberes e sabores
O teu dia de amanhã
Usa-o
Gasta-o
Sê feliz.
Rui Santos