Poemas : 

Perder o sul

 
Sul
Cálido, nu…estéril.
Mudo a rota dos sentidos num voo breve só de ir.
Cardos ventos frágeis em minh’alma desertam desobrigados do adeus.
No ar grisam andorinhas estonteando esboços mágicos e poeira magra e fina.
Rupestre intuição quando o antever perfuma o ar de viagens ao nunca mais.
Desbragado ao som da horas o meu hino envilece o riso…
Sempre me deram razões vadias para rir sem alegria.
Agora tu ás horas do meu rum…
Deste norte aos meus dedos sós.


Rum
Amigo
Delira alto
A bocejar
Um escorrego
Desta noite
Agrilhoada
Nos teus propósitos
De me ser
Eternamente
Fonte ébria
Sóbrio
Despertar…
Tuas mãos de seda
No tempo
Que me prende e
Desata leve
O nó da alma
Que se fez laço
Embrulho…
Do nosso corpo
No teu leito
Acostumado
E eu…
Que não sabia
Onde o quente
Te cabia
E que o amor
Nos fazia…
Dei por nós
Consumados.
Depois rum…
Rim
Ri
Rubor
De fazer gelo
Para esfriar
O pulso
A face
O lábio
O torpor…
Tentar…
Ser um pouco…
Mais
Que amar…


Sul
Cálido, nu…estéril.
Mudo a rota dos sentidos num voo breve só de ir.
Sempre me deram razões vadias para rir sem alegria.
Agora tu ás horas do meu rum…
Deste norte aos meus dedos sós.
Perdi o sul.

 
Autor
lapis-lazuli
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 21/12/2010 11:33  Atualizado: 21/12/2010 11:33
 Re: Perder o sul
Muito embora este género de poesia demasiado rebuscada em palavras aparentemente desencontradas não faça o meu género, reconheço que, nas entrelinhas, germinam imagens de rara beleza e profundo significado.
Este é, portanto, um poema concreto, que merece ser lido com olhos de ler e aplaudido.
Lamentavelmente a dinâmica de apreciação dos textos, aqui no Luso, segue outros critérios que não os da poesia.

Feliz Natal

Enviado por Tópico
Avozita
Publicado: 21/12/2010 19:00  Atualizado: 21/12/2010 19:00
Colaborador
Usuário desde: 08/07/2009
Localidade: Casal de Cambra - Lisboa
Mensagens: 4549
 Re: Perder o sul
Um poema magnifico, rebuscado
e com conteudo.

Gostei de ler.
Santo e feliz Natal

Antonieta