Porque havia uma estrela nos olhos quando olhava para céu…
Gloriosas árias serenas vibram o vento em balada.
No chão, a horas prostitutas de ser, cirando a noite em parcelas fulgentes.
O corpo divulgado em pequenas noticias protesta sussurros de vinho.
Havia tanto a dizer não fosse o silêncio…
Já o triste me foi e tão longo, que me aprendo espraiado na relva a sorrir os passados.
Tenho cantos heróicos nesta fluorescência de vida remanescente.
A madrugada é um vagar de emoções onde moram todos.
Trago os timbres da tarde com paixão nos ouvidos.
Sei de um crer colectivo que apruma a saudade na alma.
Um candeeiro órfão protege meus ébrios cansaços…
Sou o edifício em construção.
Vejo uma prata de rio com fome de luz que rumoreja Setembros…
Aqui se avulta o homem que tenho sem nem me saber.
É nesta metade que sou e me quero nos caminhos por onde cresço.
Criança vadia sem eira nos burgos da terra.
Soldado desvalido sem medalhas de guerra na lapela com nódoas.
Cigarro horizonte que cerze no escuro centelhas de vida.
Porque havia uma estrela nos olhos quando olhava para céu…
E milhares de punhos erguidos com estrelas nos olhos.
Uma foice laboriosa nos meus campos fascinados…
Um martelo de gente a pisar a terra vermelha…
Porque havia uma estrela nos olhos quando olhava para céu…
Porque há sempre um corpo presente nas alvoradas do mundo.
Atalaia, Seixal, 23 de Agosto de 2010
Telheiro...5.43 A.M