No cume da ladeira esta a tapera que lhe amparou,
Quando entrar pela porta pequena com palhas entrelaçadas,
À direita estará o berço coberto com uma esteira,
É um estrado amparado por quatro forquilhas fincadas no chão.
Se olhar para o lado esquerdo, mais uma porta mostra o seio do patriarca,
Poucos passos a frente encontrarão um giral,
Nele estão, copos, pratos, talheres e panelas,
Para preparar o alimento dos filhos e do casal.
Ligeiramente a esquerda mais uma portinha estreita,
Saindo por ela verá dois pés de ouricuri enfeitando o quintal,
Ligando um ao outro tem uma vara usada para pendura a caça trazida pelo patriarca caçador.
Se tornar mais uns passos estará ao lado da mais bela planta que ele com apenas cinco anos se encorajou a cultivar,
A planta traz sustento e produz sombra,
Suas folhas mostram as marcas do esforço,
Para resistir ao sol incessante, e não desapontar aquele que a plantou.
À fonte vai a princesa com sua rude beleza buscar a água de beber,
Na água tem folhas que simulando ferrolho impedem a água de escapar da vasilha, essa, apoiada por uma rodilha para não desequilibrar.
Chega a tarde e o sol causticante deixa o cenário para o singelo brilho da lua minguante,
Sentado em seu berço improvisado ele olha a borra no pavio do candeeiro,
Logo a luz se apagará, mais uma vez ele adormece à voz de grilos a criquilar.
Um dia ele conhecerá o desconhecido,
Poderá brilhar um pouco mais que a chama cansada que observa,
Se isso acontecer, será dono de lembranças apenas,
Esse seu reino esquecido, não mais existirá...
José Ferreira