Inclina-se a sombra
à passagem da palavra acabada
de nascer
Sábia culta e nova
fugiu desse abismo onde andou
tanto tempo
esquecida de dizer
A palavra é Está
no altar-mor que lhe é devido
por mérito sem favor
Ela é Terra Água
Centro
Sol Luz
É o princípio o intervalo e o fim
do universo É calor
Visto-me da palavra
respiro-me da palavra
habito todo o seu espaço
interior
Alimento-me da seiva que produz
uno a minha boca à dela
num beijo longo de silêncio feito
sem descanso nem cansaço
Fiz da palavra o meu ermo
onde medito
a guarita onde repouso
e fico
à espera que me acolha
no seu último abraço