Quando surge a contrariedade
Num pedaço de qualquer vida
Se esfumam as emoções
São maleitas de um momento
No estalar de uma esperança
Com as devidas proporções
Na busca da felicidade
Há sempre a forma sofrida
E dias de semblante tristonho
O dissipar de um lamento
Um outro passo de dança
Um capítulo de um sonho
Há que manter os pés assentes
No sentido do seu caminho
E na forma de nós sermos
Esquecer factos poluentes
O espantalho do fútil recinto
Espectro de malfadado quadro
Na força dos resistentes
Está o brindar com bom vinho
Pela simplicidade de lermos
Abandonar as mentes doentes
Pelo discernir do branco ou tinto
Em danças místicas num adro
É profusa a verdadeira crença
De uma força inabalável
No auge de qualquer festança
O melhor remédio para a doença
Tornada insuportável
A seguir ao tempo da mudança
A vida reposta em sonho
Pela luz sempre perseguida
Com um brilho por demais intenso
Rigor por vezes medonho
Observado tão de fugida
Que nos deixa o olhar suspenso
Uma bilha feita de barro
Alvoroça-se numa cabeça
Que lhe agita o conteúdo
Mas às vezes remete um escarro
Pelo bem que na vida permaneça
Desde se ser criança até graúdo
António MR Martins
2010.12.16
António MR Martins
Tem 12 livros editados. O último título "Juízos na noite", colecção Entre Versos, coordenada por Maria Antonieta Oliveira, In-Finita, 2019.
Membro do GPA-Grupo Poético de Aveiro
Sócio n.º 1227 da APE - Associação Portugues...