Sonetos : 

MEUS SONETOS VOLUME 085

 
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1


Meus parabéns, amigo não me esqueço
Do dia em que fazemos tanta festa
Seguindo por caminho que conheço
Uma alegria enorme é o que me resta.

Uma amizade eu sei, jamais tem preço,
Por isso tanto apreço à vida empresta
Aquele que conhece e reconheço
Tanta honradez quem sabe sempre atesta.

Não vejo outra maneira de dizer
Que somos bem felizes, companheiro
De termos do teu lado tal prazer

De mais um ano em novo calendário
Dizer; tu és amigo verdadeiro,
Meus parabéns por teu aniversário!


2


Meus parabéns! Amigo nesta data
Comemoramos juntos – bela festa –
Esta emoção feliz que se retrata
Louvando a maravilha que se empresta

Num dia tão sublime para nós
Que somos seus amigos verdadeiros.
Atando a cada dia mais os nós
Contamos com teus braços companheiros...

A vida nos trazendo dores, medos,
Também nos mostra a sorte triunfante
Quando revela assim os seus segredos

Mostrando que não sou tão solitário
Por isso, é que agradeço e neste instante
Desejo-lhe feliz aniversário...
Marcos Loures


3

Meus ossos espalhados pelo chão
Banquete para as feras esfaimadas.
Meus olhos arranquei, matei clarão
Nas sendas das insanas desvairadas

Que bebem cada gota em podridão
As águias entre pombas disfarçadas,
No fundo de minha alma este porão
Mortalha das paixões em debandadas.

Sou verme e posso ver-me retratado
Na entranha deste esgoto em que me dei.
O vento tantas vezes desregrado

Transforma num instante a antiga grei.
De tudo o que busquei no meu passado,
Apenas o vazio eu encontrei...
Marcos Loures


4

Meus órgãos espalhados nas estradas,
Os restos representam a tortura,
Nos braços amputados, nas caladas.
Caminho meus delitos sem brandura...

Sonhara tão somente com as fadas,
A mão que me maltrata finge cura...
Nas costas cicatrizes, chibatadas,
Meu olho esta navalha vem e fura...

Meus medos estampados, tua face...
Martírios e balaços num fuzil...
A ditadura usando seu disfarce

Promete enfim, vender o meu Brasil
Procura pela gralha que a comparse;
Não deixarão sobrar, no fim, um til...


5



Meus olhos; faroleiros da esperança,
Audazes marinheiros sem destino,
Trazendo, timoneiros, desatino,
Distância que o ligeiro sonho alcança.

Quem dera mensageiros da aliança,
Usando este tinteiro, qual menino
Mergulho por inteiro e me alucino,
No gozo alvissareiro desta dança.

Sentindo os doces cheiros da alegria,
Seguindo estes ribeiros- fantasia,
Caminhos costumeiros percorridos

Os cantos derradeiros de minha alma,
Mordaz aventureiro, o sonho acalma,
Trazendo amor/arqueiro aos meus ouvidos...


6

Meus olhos venalmente esfumaçados...
No quarto que decifro minhas lendas.
Febrilmente, revelo os embaçados
Amores que mortalhas sem ter prendas...

Não permitindo tempos disfarçados
Nem os templos que abrigam tais contendas.
Nossos braços, num mar, entrelaçados,
Bocas que nos cuspiram, nunca ofendas...

As febres delirantes paralíticas...
As rochas que tombamos, monolíticas,
Os medos tatuados nossas almas...

As mortes que vivemos por lazer
No fundo não nos trazem ermos traumas,
Deveras, confundimos com prazer...


7

meus versos que serão meus companheiros
quando, ao fim desta jornada não restar
nem sombra dos amores verdadeiros
e nem mesmo um amigo eu encontrar...

meus versos são parceiros mais fiéis
fiando nestas letras que misturam
meu barco se perdendo sem convés
as cores com que tramo não me curam

amores simplesmente são falsários
demonstram um sorriso tão jocoso,
depois se transformam noutros vários,
não deixam nem sequer sombra do gozo.

amada, deixo o canto que não fiz,
dizendo que em teus braços fui feliz...


8

Meus versos poderosos como o quê
Não podem encontrar em seus caminhos,
Um óvulo sedento, enfim, por que
Percebem que terão ali bons ninhos...

Eu disse pros meus versos: devagar
Que o mundo, num segundo não se acaba,
Também eu não mandei tanto esbaldar
Nem abusar assim da catuaba...

Beleza de mulher que me conquista
Sorriso divinal que a terra adorna.
Agora o que farei? À bela vista
Tomei duzentos ovos de codorna!

Vem logo que eu assumo esta criança
Recomeçar depressa toda a festança!
Marcos Loures


9

Meus versos palpitando em tanto amor
Enlaces, descaminhos, e torturas...
De tanto que procuro o salvador
Sabor destes teus beijos e ternuras...

Te peço, por piedade, não desfaças
Dos versos que dedico sempre a ti.
Meu corpo no teu corpo, quando enlaças,
Abrasa todo o sonho que pedi.

Aos poucos quando vou te percebendo
Entregue na loucura mais sensata;
De tanto que te quero, me envolvendo;
E me vejo embrenhando em tua mata...

Amada, meu amor tão infinito,
Aguarda teu amor, num mesmo rito...


10

Meus versos não suportam a distância;
Sequer irei seguir suas pegadas.
Nem quero poesias malfadadas,
Do amor já não suporto militância.

Aonde houver resquícios de uma infância,
Porém estas imagens degradadas
Preparam numa esquina as barricadas.
Não posso suportar tal discrepância

E o cerne dos meus erros; não alcanço.
Queria ser deveras bem mais manso,
Mas tenho um fogaréu que nunca cessa

Nos gêiseres que trago dentro em mim,
Ausência de ilusão foi o estopim
Dispenso os curativos. Sem compressa...

11

Meus versos não são recados,
Muitas vezes são falsários
Tantas vezes meus pecados,
Invadem mares, corsários.

Tais versos imaginados
Esperneiam são hilários
Nas sinas ouros e fados
Vivem nos dicionários.

Amores vapor barato
Seguem sempre o mesmo canto.
Comem nesse mesmo prato.

Esquinas vivem dobrando,
Não pedem restos e encanto
A vida à toa passando...
Marcos Loures


12


Meus versos escondidos na gaveta
Não saem do meu peito sem cuidado
Por mais que ao que passei já me remeta
Demonstram meu retrato, no passado.

Rasgados os meus versos de tormento
Agora não pretendo mais saber
De tanto que doía o sofrimento
Amores que morreram reviver.

Meus sonhos se renovam mas não sabem
Dos versos que escondi no meu recanto.
São tantos sentimentos que não cabem
Embora tanto amor em desencanto.

Vivendo nosso amor, esteja certa,
Gaveta de minha alma vive aberta!


13

Meus olhos se perdendo nas visões
Noturnas, fantasias que carrego,
Ungindo com palavras, tentações
Vagando em corpos nus, persisto cego,

Em meio a ruas, bares e portões
Nos carros e nos sarros, eu me entrego
À fome das luxúrias, aos tesões,
Sucumbo ao mel de intensas seduções.

Mamilos róseos, bocas, coxas pernas.
Meus dedos e meus lábios, minha língua
Não deixam que esta noite morra à mingua

Nas faces exprimindo rotas ternas,
Molhando minha boca nos teus lábios,
Os gozos explodindo, fartos, sábios...

14


Meus olhos se perdendo nas visões
Noturnas, fantasias que carrego,
Ungindo com palavras, tentações
Vagando em corpos nus, persisto cego,
Em meio a ruas, bares e portões
Nos carros e nos sarros, eu me entrego
À fome das luxúrias, aos tesões,
Sucumbo ao mel de intensas seduções.
Mamilos róseos, bocas, coxas pernas.
Meus dedos e meus lábios, minha língua Não deixam que esta noite morra à mingua
Nas faces exprimindo rotas ternas,
Molhando minha boca nos teus lábios, Os gozos explodindo, fartos, sábios...

Marcos Loures

15

Meus olhos são cascatas, quase um mar
Chorando por quem nunca poderia,
Trazer uma esperança em novo dia
Na selva de teus olhos; vou buscar

O tempo que não pude controlar.
A aurora que virá mesmo tardia
retoma num momento a fantasia
E dela irei beber e me fartar.

Eu busco nas esperas o teu canto;
Travando noite e dia, por encanto,
Quem sonharia parto, invés de luto...

Teus olhos tão perfeitos, mas sou bruto;
comigo mesmo, amada eu sempre luto
até reconhecer teu olhar. Santo...


16

Meus olhos que te enlaçam com ternuras
Buscando no teu colo meu descanso,
Aguarda tanto amor, suas venturas
Qual rio que procura seu remanso.

Ternuras desejadas e queridas
Dos braços da mulher que procurei,
Vasculho nos espaços, tantas vidas,
Parece que este amor eu encontrei.

Deitando sobre esse vergel tão cálido
Que trazes com ternuras indizíveis,
A lua com luar belo e tão pálido
Reflete as belas cenas mais incríveis...

Teus olhos e luar, que fantasia,
No brilho que este amor, tonto, irradia!


17

Meus olhos procurando teu sorriso,
Que; em tudo é mantimento de minha alma.
Viver assim pressente o paraíso,
É chama que me ardendo, já me acalma...

Pois tudo que há de bom e a vida trouxe
Encontro em teu sorriso, minha amada.
Amando a cada dia como fosse
A curva derradeira desta estrada.

Não canso de louvar o santo amor
Que veio com desígnios; forte, intenso...
Vivendo enamorado; tanto ardor...
Sabendo que este amor é mar imenso.

A vida nos teus braços descortina
A beleza da mulher, minha menina!


18

Meus olhos procurando tais pegadas
Deixadas nestes trilhos que passaste.
De tanto procurar, pernas cansadas,
Seguindo os aromas que deixaste...

Eu quero teu amor, não mais discuto.
É tudo o que bem quis a vida inteira.
Teu nome; estou distante... Nada escuto.
Por tanto que te quero, companheira...

Eu sei que tanto errei, peço perdão.
Meus medos aumentando pouco a pouco.
Errei por tanto amor, tanta emoção.
E temo, desse jeito, ficar louco...

Retorno; tão cansado... Morta a chama.
E te encontro, deitada em nossa cama!


19

Meus olhos pelos teus já perguntavam
Enquanto estrelas belas conviviam
Com sonho que decerto te buscavam,
E tantas fantasias permitiam

Trazer os teus caminhos que douravam
Os passos onde os meus sempre seguiam
Remansos sensuais que se fartavam
De todos os momentos que viviam

Dois seres em perfeita comunhão,
Vestidos pelos raios da paixão
Na profusão de um mar em lava ardente

Causado pelo fogo de um vulcão
Vibrando o coração, tomando a gente
Até chegar bendita inundação.


20

Meus olhos nos desertos se lançavam
Eternos sentimentos, poço e pólo
Deitando meu prazer busco teu colo
E apenas frios olhos me miravam.

Em nossas diferenças que saltavam
Aos olhos de quem vê além do solo,
Desejos e velórios misturavam
Receitas tão diversas mesmo bolo.

Fagulhas e farrapos, farpas, lumes,
A boca em podridão traz teus perfumes,
Mas mesmo assim prefiro essa halitose

No amor que me entranhou em pura osmose
Do vago que eu trazia, agora pleno,
Bebendo deste amor mel e veneno...


21

Meus olhos no futuro, quando os ponho;

Vislumbro a maravilha da esperança.

Embora nos pareça tão medonho

O grito da injustiça nos alcança



E penso que este canto tão tristonho

Proponha para todos nova dança

Vibrando com tal força em nosso sonho,

Possamos relembrar do amor-criança



Que teima em nosso peito resistir

Trazendo neste vento que promete

Beleza e sensação de um bom porvir.



Eu sei que te pareço sonhador;

Porém minha ilusão já me remete

À promessa aromática da flor...


22
Meus olhos não se cansam de esperar,
Teus olhos nos meus olhos, se perdendo...
Descendo manso rio sob luar,
Cascatas, corredeiras, conhecendo...

Teus lábios nos meus lábios, imersão.
O cheiro desta boca tão ardente.
Comendo tantas frutas da estação,
Prazeres que me deixam sorridente...

Nas noites tantos grilos, vaga-lumes,
Nos cantos e nos brilhos, nosso amor...
Tragando ardentes goles e costumes,
Tocando uma viola, em esplendor...

Viajo nos teus montes, serenatas...
Teus braços... Nossas noites. Me arrebatas


23

Meus olhos lacrimando em cachoeira
Descendo pelos rios em fumaça
Paixão que me domina, a derradeira,
O tempo nos teus braços nunca passa.

A vida se mostrando alvissareira
Destino mais feliz já não se embaça
Se eu tenho tanto amor, quero que queira
O sentimento nobre em que se faça

A nossa redenção em plena glória
Nos laços destes braços, a vitória
Trazendo num segundo eternidade.

Estou apaixonado, nunca nego,
Felicidade imensa que carrego
É feita deste amor que é de verdade...
Marcos Loures


24

Meus olhos inda miram teu retrato,
Espelhos de minha alma são só teus.
O dia se tornou cruel de fato,
Apenas me restando o triste adeus.

Na ventania imensa, o meu regato
Procura renascer momentos meus
Que foram sem destino e sem formato
Apenas refletindo olhos ateus

E assim, seguindo a sombra de mim mesmo,
Caminho e tantas vezes; vou a esmo.
Bebendo a lua vaga e merencória.

Olhando volta e meia o meu reflexo
A vida sempre traz sem rumo ou nexo
Recordações tão vivas na memória.


8425

Meus olhos entornando esta saudade
Em lágrimas sutis, inebriantes
Aonde se plantara por instantes
Abrolho, num momento, tudo invade.

O quanto se perdeu em falsidade
Deixando luzes claras, radiantes,
O amor quando embrenhou sendas distantes
Matou o que se fora, claridade.

Agora que desfilo este vazio
Nos olhos tão tristonhos, infelizes,
Perdoe por favor, os meus deslizes,

Pretendo reviver o nosso estio,
Embora traga fundas cicatrizes,
Quem sabe noutro dia outros matizes?
Marcos Loures


26

Meus olhos em total ansiedade buscam
Pelo céu essa estrela apaixonadamente
Bela. Estou tão distante... Eu quero, simplesmente
Seu brilho constelar. Os outros já se ofuscam...

Estrela radiosa, o meu verso se encanta
Com o teu raro lume. Embalde te procuro!
O céu, tão invejoso, esconde-te na manta
Pelas nuvens formada, o mundo fica escuro...

Quem dera se pudesse, estrela, ver teu brilho,
A vida, então, seria enorme fantasia.
O meu olhar vazio, espera por teu trilho!

A cada noite nova, um sonho de delícia...
Em ti, estrela amada, um canto de alegria!
O céu mais ciumento, esconde-me Letícia
Marcos Loures


27

Meus olhos decifrando teus problemas,
Decoro minhas tendas com mentiras.
As ruas que iluminas, velhos temas.
As cancerosas bocas que me atiras.

Nas melindrosas luas, meus poemas.
As trevas que me deste, velhas tiras.
Nos medos que segredas torpes lemas.
Nos teus tantos dilemas já me estiras...

Adormeço nas guerras que me fazes,
Iluminando o brilho do meu túmulo.
Nas vezes que fingiste; surdas pazes.

O começo e final, tu és o cúmulo!
As forças que roubaste fazem falta.
A noite dos amores dorme incauta!


28

Meus olhos decadentes e sombrios
Carregam a tristeza secular,
Dos sonhos esquecidos e vazios
Distantes das areias, sem o mar.

São olhos invernais morrendo estios,
Desaprenderam cedo o que é lutar
Perdidas andorinhas sem os fios,
Estrelas tão longínquas sem luar.

Meus olhos, simples ilhas sem ninguém
Eremitas morrendo em solidão.
O tempo vai passando e nada vem

Senão o gosto amargo da saudade
Daquilo que deveras fora o não.
Sem brilhos. Em meu olhar: opacidade...


29


Meus olhos de teus olhos, girassóis
Encanto libertário, paz e vinho,
As marcas dos amores nos lençóis,
Ficaram, são guardadas com carinho.

Depois de tanto tempo, tantos sóis,
Espero que tu voltes de mansinho,
Brilhando com a força de faróis,
Voltando como um pássaro ao seu ninho,

Trazendo para mim, felicidade,
Matando, com certeza, esta saudade
A cada novo tempo peço abrigo

Nos braços de quem amo plenamente
A sorte em maravilha se pressente
Vivendo esta esperança, amor, contigo...
Marcos Loures


30

Meus olhos de teus olhos revestidos,
Trazendo dias mansos, demarcados
De todos os temores já despidos
Vencendo mares loucos, sobraçados,

Tocando mais profundo os meus sentidos,
Meus versos de teus olhos namorados.
Espreita a fantasia em mil sentidos,
Certeza de momentos desejados.

Em sonhos vou teu corpo navegando
De luzes magistrais me decorando
Chegando à maravilha constelar

Luzindo fantasias estelares,
Roubando deste sol fartos luares
Mergulho em ouro e prata sobre o mar...
Marcos Loures


31

Meus lábios vasculhando cada ponto
Do corpo desta sílfide divina
Nos olhos deslumbrantes de menina
Ao paraíso em vida eu já remonto.

E bebo deste gozo em que me apronto
E galgo eternidade que alucina
Felicidade intensa sempre mina
Do porto que me deixa leve e tonto.

Um mero trovador apaixonado
Fazendo os mais sinceros madrigais
Querendo estar contigo lado a lado

Navega pelos astros, liberdade.
Dos sonhos em fulgores tropicais
Amor vai redobrando a intensidade...


32

Meus lábios vasculhando cada ponto
Do corpo desta sílfide divina
Nos olhos deslumbrantes de menina
Ao paraíso em vida eu já remonto.

E bebo deste gozo em que me apronto
E galgo eternidade que alucina
Felicidade intensa sempre mina
Do porto que me deixa leve e tonto.

Um mero trovador apaixonado
Fazendo os mais sinceros madrigais
Querendo estar contigo lado a lado

Navega pelos astros, liberdade.
Dos sonhos em fulgores tropicais
Amor vai redobrando a intensidade...
Marcos Loures


33

Meus lábios vão buscando doces méis
Pois sabem receber de teus carinhos.
Meus olhos na procura, mais fiéis
Encontram em teus braços, caros ninhos.

A noite vai passando calmamente,
Trazendo uma lembrança sensual
Do amor que determina a toda gente
Que a paz promete ser celestial

E vamos, sem desculpas nem temores,
Fazendo tanto amor sobre os lençóis
Deitando sobre a cama, raras flores,
Dos rios do prazer, teu corpo é foz.

E nada nos impede, com certeza,
De termos neste amor, tanta beleza...


34

Meus lábios te procuram, sem palavras...
Apenas te tocar, te dar um beijo.
Qual fora um jardineiro em belas lavras
Cuidando do canteiro, o meu desejo...

Não digo quase nada, nem preciso;
Encontro em tua boca, amada, a chave
Que leva o pensamento ao paraíso;
No toque tão sutil e mais suave...

Carinhos que se buscam, sem temor;
Nos mostram os caminhos mais concretos
Da estrada divinal, em tanto amor,
Dos sonhos que queremos; os completos...

Querida és meu alento em noite fria,
Ao te saber, minha alma se arrepia!

35

Meus lábios te percorrem sem juízo,
Mas saiba que este amor não diz pecado,
Altares que nos trazem paraíso
No imenso fogaréu, anunciado.

Tocando com desejos os teus seios
Delícias que encontrei, belas romãs,
Dos corpos que se dão já sem receios
Comemos, sem pudores as maçãs;

Assim doce veneno que me dás
Inebriadamente me conquista
Fazendo que se tenha a dimensão

Do amor que nos tomou e agora traz
O céu que num momento já se avista
Promessa de total inundação...
Marcos Loures


36

Meus lábios passeando em tua pele,
Vorazes sensações, prazeres tantos.
A cada novo porto que revele
Encontro com certeza, mais encantos.

Meu corpo nos teus cais, quando se atrele
Teus seios sobre mim, divinos mantos,
Que o tempo não mais passe, e sim congele,
Beijando por inteiro os belos cantos.

Nas ânsias de prazeres, tresloucados,
Os lábios já dão conta dos recados,
Sorvendo cada gota de rocio

Que espalhas nesta cama com doçura
Orgástico caminho se procura
Trazendo ao frio inverno um quente estio...
Marcos Loures


37


Meus lábios nos teus lábios fazem rede
E sabem deste beijo tão gostoso,
Matando em tua boca a minha sede,
A sede deste sonho mais formoso,

Permite que em teus braços eu me enrede
E seja sempre assim, bem carinhoso.
Saudade é um retrato na parede
Desejo sempre audaz, voluptuoso.

O beijo prometido, a boca espera
Transbordando a doçura em primavera
Destinos em carinhos são traçados.

Eu vejo ressurgir uma esperança
Fazendo do teu corpo com pujança
Caminhos em prazeres decorados...
Marcos Loures


38

Meus filhos são meus versos prediletos,
São feitos da alegria e da esperança
De sonhos mais perfeitos e diletos,
Limites onde a vista, minha, alcança...

Passeiam pela casa meus afetos
Brincando com pureza de criança.
Às vezes; nos meus sonhos incorretos,
Jogado n’algum canto da lembrança

Esqueço que também corria solto
Na casa dos meus pais, doce janeiro...
Nos braços da saudade vou envolto

E acordo com um grito ou um sorriso,
E o amor que é mais completo e verdadeiro,
Convida a padecer no paraíso!


39

Meus erros, meus enganos, meus defeitos,
São todos testemunhas que eu existo,
Se a nada neste mundo não resisto
Talvez os meus problemas sejam feitos

Somente dos riachos que em seus leitos
Encontram tantos seixos. Se benquisto
O estio da esperança em que eu insisto
Expressa os temporais, nem sempre aceitos.

Perenidade, um sonho tão fugaz,
Nem mesmo algum sorriso satisfaz
Quem tanto desejou inutilmente.

Não posso prosseguir, estou cansado,
A morte vai mandando o seu recado
E o fim inevitável se pressente...


40

Meus erros são enormes, mas humanos.
Nas ânsias as terríveis maldições.
As falhas que me tomam; desenganos,
Impedem com certeza, as soluções.

Não falo que meus versos tão insanos
São formas de enganar-me; ilusões.
Mergulho na esperança os oceanos
Formados pelas dores, emoções...

Oscilo entre a verdade transparente
E toda uma mentira que me guia.
Nas mãos incandescentes, a serpente,

Nos olhos outros brilhos mais sutis,
Resisto e não concebo a fantasia,
Mas mesmo assim, me sinto mais feliz...


41

Meus olhos te procuram... Minha amada.
Em meio a tantos olhos, quero o teu.
Nas ruas, nas esquinas, bares, nada...
Onde foi que esse olhar o meu perdeu?

Muitas vezes pensava ser sozinho,
Nos meus dias total obscuridade.
Cansado de viver sem um carinho,
Trazendo a solidão sem ter saudade...

Meus olhos em teus olhos, de repente...
Os brilhos refletidos, espelhados.
O mundo, num segundo, diferente;
Trazendo tantos sonhos... Rios, prados...

Porém tu foste embora... O quê que eu faço
Sem ter os olhos teus, por onde passo?


42



Meus olhos te procuram pela casa,
Vasculho cada canto, nada vejo.
Apenas o retrato de um desejo
Que em fogo me incendeia e assim me abrasa.

Aos poucos, solidão apaga a brasa,
E a dor que nunca cessa, eu já prevejo
Esta última parceira; não almejo.
Somente uma saudade me extravasa,

Pois nela posso ver o teu retrato
Embora distorcido, na verdade.
Revejo com prazeres cada fato

Vivido nesta casa, em nosso quarto.
Lambido pelos olhos da saudade
Sonhando; ao infinito logo parto.


43

Meus olhos te buscando nas estrelas
Distantes em meu céu quase sem brilhos
Quem dera se também pudesse vê-las
Quem sabe tu virias nestes trilhos.

As nuvens tão teimosas, escondê-las
Somente momentâneos empecilhos
Um dia se eu pudesse merecê-las
Meus olhos não seriam andarilhos...

Eu quero que tu saibas deste sonho
Que um dia cultivei, ser mais feliz.
Amar-te plenamente, eu te proponho,

Meus beijos serão teus se tu quiseres,
Talvez neste meu céu, novo matiz,
Se na bela estrela, enfim, vieres...

44

Meus olhos sem teus olhos, nada são
Somente escuridão em erma estrada,
Imagem num segundo vislumbrada,
Guardada como fosse uma visão

Em mágicos delírios: tentação...
Sem ter tua presença, não sou nada,
Ao vento e a tempestade alma vergada
Reflete o descaminho, negação...

Faróis que cedo guiam os meus dias,
No olhar imaculado, fantasias,
Magias de holofotes, luz intensa!

Quem sabe, por sonhar assim demais,
Terei ao fim de tudo, os magistrais
Olhares, pra quem sonha, a recompensa!
Marcos Loures


45

Meus olhos sem destino te buscavam
Em noite tão distante e neste intento,
As dores do passando se encontravam,
Resquícios que carrego em pensamento.
Depois da tempestade em que se achavam,
Poeira novamente toma assento.

E sinto que terei felicidade,
Ao ver esta mulher que já foi minha,
E agora tão distante da verdade,
Ainda em solidão, triste, caminha.
Meus olhos encontrando a liberdade,
Percebem que talvez, assim sozinha,

Ainda volte a ser em meu jardim,
A rosa que nasceu do amor sem fim...


46

eus olhos se tornando quase pálidos
Numa ânsia sem limites, incontida.
Quem teve plenitude, traz esquálidos
Motivos pra seguir por toda a vida.

Meus dias que se foram, mais inválidos
Deixando toda a base destruída.
Quem dera se tivesse sonhos cálidos,
Assim talvez achasse uma saída....

Mas venho bendizer o teu apoio,
Que ajuda a ser mais forte e mais contente.
O tempo nos ensina trigo e joio,

E mostra como é rara uma amizade.
Por isso minha amiga, antes descrente,
Concebo meu futuro em liberdade...
Marcos Loures


47

Meus olhos se perdendo neste espaço
Em busca da amplidão dos teus carinhos...
Em volta deste tempo, no cansaço,
Os pássaros errantes pedem ninhos...

Não sei mais se consigo ser feliz.
De tudo que busquei, nada mais tive...
O mundo que sonhava e sempre quis
Apenas nos meus sonhos inda vive...

Tentarei resistir mas não prometo...
Os olhos esquecidos não mais vêem
Dos erros nesta vida que cometo,
Por certo das saudades já provêem

Amiga, como é bom ser teu corcel
Meus olhos? Esquecidos lá no céu...


48

Meus dedos te tocando, xana e seios
Roçando tua pele bronzeada,
Meu corpo penetrando belos veios
Na gruta que me entregas encharcada.

A língua vai lambendo, tantos meios
De amar esta mulher deusa safada,
Deixando para trás velhos receios,
Loucura sem igual já vislumbrada.

Teu cu vai deslizando em minha boca
Na tua com volúpia esta piroca,
Depois na putaria dois dementes

Que sabem desfrutar de cada gozo,
Mijando em minha boca tão gostoso,
Cravando em minhas costas fortes dentes...


49

Meus dedos te tocando devagar,
Percorrem os caminhos do prazer.
Eu sinto minha pele arrepiar
Meus lábios, tanta senda a conhecer...
Surpresas neste belo passear
Delícias tão gostosas de saber...

E rendo-me aos desejos mais profanos,
Entrego-me sem tréguas nem descanso.
Nos rumos mais audazes, soberanos,
Os ápices divinos eu alcanço.
Estar contigo assim, meus loucos planos;
Nas furnas delicadas eu avanço...

Teu gozo é meu alento e meu destino,
Nos rios caudalosos me alucino...
Marcos Loures


8450

Meus dedos são audazes bandeirantes
Que entranham por recantos divinais,
Nos olhos redentores, diamantes,
Percorro sendas belas, sensuais.

Jamais eles serão titubeantes,
Pois sabem decifrar senhas, sinais,
Requebros desejosos, provocantes
Permitem que eu encontre portos, cais.

Ancoro meu prazer em tuas ilhas,
E nelas desfrutando as maravilhas
Furtando cada gomo, bebo o sumo.

Sacias com teu néctar as vontades
Daquele que se dando em claridades
Encontra o que queria, sanha e rumo...
Marcos Loures


51

Meus dedos deslizando em tua pele
Procuras incansáveis por prazer.
Destino em que em loucuras amor sele
Num lúbrico mergulho no teu ser.

A cada novo verso que revele
O quanto o teu amor me faz viver,
À farta fantasia me compele
O sonho tão sublime de se ter.

Eu vejo o teu olhar tão sequioso
Ardendo de vontades, riso e gozo
Na eterna sensação do querer mais.

Vencendo estas distâncias chego a ti,
Amor que tantas vezes concebi
Tornando nossas noites imortais...
Marcos Loures


52

Meus dedos andarilhos procurando
Em tuas doces matas, vales, montes,
Tocando com furor, divinas fontes
Que aos poucos vão depressa se alagando.

Sentindo umedecidos horizontes,
Nas belas cercanias se inundando,
Gemidos mais vorazes sussurrando,
Fazendo com o céu divinas pontes.

Até chegar contigo ao mar imenso
Que logo me devora, intensidade,
Sentindo mergulhar nesta umidade

O fogo da paixão audaz e tenso,
Querendo te sorver e gota a gota,
Sabendo que esta chama não se esgota


53

Meus companhero perdoa
As minha lamentação
Se falo não é à toa
Vem vindo do coração

Na boca o gosto da broa
Da vida nesse sertão
Meu pensamento mais voa
Dexando a lamentação

Pros que perfere a sodade
Eu perfiro nem dizê
Na vida, sinceridade

É perciso pra vivê
Mas cum amô e bondade
Mió pra mim e procê !


54

Meus castelos tombados pelos ventos...
Meus passos desviados do caminho.
As pedras que trouxeram sentimentos,
Destruíram castelos, passarinhos...

Nas travessas saudosas sem tormentos,
A paz e a alegria foram ninhos...
Recebendo a visita; meus lamentos,
Meus castelos ruíram, pobrezinhos...

Quando durmo; sonhando com castelos,
Meus castelos, castelos meus, tão belos.
Minha noite parece enluarada!

As dores que se perdem nessa estrada,
Parecem nunca terem existido...
Eu piso nos castelos, distraído...


55

Meus candelabros, nossas velas lua...
Cabelos soltos, secular romance...
Vieste lúdica, formosa e nua.
A cada passo a transformar num lance,

Esmeraldina essa beleza tua,
Que em cada gesto, a mansidão me alcance,
No gosto audaz da boca doce e crua.
Não reconheço outro sequer nuance...

Quando passeias teus olores, rosas;
Douras sem ver todos os meus caminhos.
Nas mãos macias, belas, vaporosas,

As esperanças trazes sem saber,
Os meus distantes sonhos pedem ninhos,
Nas alegrias desse amor, morrer...
Marcos Loures


56

Meus cabelos tomados pela prata,
As marcas de outros dias dolorosos,
A solidão que conheci já se retrata,
Dos sonhos que morreram, venenosos...

Vida de quem não ama, eu sei; maltrata,
Distante dos caminhos luminosos,
Perdido em ilusão, escura mata,
Somente estes momentos tenebrosos...

Amor que parecera ser bizarro,
Moldando nos teus braços, fino barro
Do qual eu renasci, minha querida.

Do medo que vivera no passado,
Cumprindo minha sina do teu lado;
Salvando, finalmente minha vida...


57

Meus cabelos tão brancos como a neve...
Representam verdades que aprendi...
A mão que sempre quis já não se atreve.
O mundo desconhece o que vivi.

A vida que terei será tão breve,
O tempo das tristezas, esqueci...
A carga das saudades, anda leve.
O medo de morrer, some daqui...

As orações que faço, peço a Deus,
Que não me deixe morrer sem ver Maria,
Os olhos apagando, trazem breus...

A vida esvoaçante já flutua...
Memória do que tive, breve dia
Lembranças da sereia, bela e nua..
Marcos Loures


58

Meus beijos desejando cada afago
Que trazes para mim, tão sedutora
Sorvendo desta boca trago a trago,
Certeza de vontade redentora.

Vieste salvadora em meu caminho,
Curando que sofrera tanto tempo,
Distante do que outrora foi sozinho,
A vida não me mostra contratempo.

Vencendo toda sorte de pavores,
Da solidão cativo, eu me liberto
Nas asas infinitas dos amores,
Nascendo bela flor neste deserto.

Amar, uma semente que me invade
Granando traz por fruto a liberdade!


59

Meu verso vasculhando, ganha o céu,
Procura por pegadas, cada rastro
Deixado pelos passos de um corcel
Nos seios da mulher, puro alabastro,

Os olhos descortinam claro véu,
Quem dera se eu pudesse ser um astro
Rodando o firmamento em carrossel
Erguendo o pensamento sem ter lastro

Ganhando a eternidade em manso beijo,
Num mundo mais gentil que em ti prevejo.
Deixando-me levar em correnteza.

Assim, ao parearmos nosso rumo,
Bebendo da alegria o farto sumo
Não quero mais saber desta tristeza.


60

Meu verso vai dispersa bomba atômica
Rasgando o que puder em faca e riso.
A voz que imbeciliza morre cômica
A morte do idiota é o paraíso.

Meu verso uma trombeta sem juízo
Palavra vai matando e morre agônica
Alarmes exauridos num aviso
Não quero estupidez que seja harmônica

Nem mesmo o quanto nada sobrará
Do verso que não fiz e não farei
Falando deste amor que restará

Depois de todo o podre que plantei
Batalhas que emboscaram liberdade
Restando esta mortal tranqüilidade...



61

Meu verso vai buscando em teus caminhos
O colo que esperei a vida inteira,
Meus dias que já foram tão sozinhos
Encontram verdadeira companheira

Que mostra com calor e valentia
Amor que salvará quem sofreu tanto.
Portanto no teu canto de alegria
Um manto me recobre com encanto.

Sem ter a tempestade que eu tivera,
Nos dias mais doridos, tão vazios.
Espero recolher a primavera
Na fruta delicada, nossos cios,

E assim nesta alameda enveredar
Meu sonho de prazer e, enfim, de amar...


62


Meu verso te proclama em amizade,
Pois trazes no teu canto sossegado
O gesto de quem tece claridade
Respeita cada dor de meu passado,
Usando de total sinceridade,
Caminhas noite e dia, lado a lado

Comigo na certeza de encontrar
Um mundo bem melhor de se viver.
Não teme nem sequer a luz solar
Nem teme nova vida conhecer.
Por isso minha amiga, o meu cantar
É feito simplesmente pra dizer

Que tenho uma certeza que me abriga,
A de que tu és sempre minha amiga..


63

Meu verso te fala dos sonhos que trago
Amor que comove tomando o meu peito
Fazendo mais forte querida, este afago,
Vencendo a tempesta no quarto em que deito.

Total calmaria placidez no lago
Aonde em ternura, farturas espreito,
Sabendo do gozo divino, pois mago,
Que após tempestade, meu bem, eu aceito.

Sublime dueto dos sonhos e risos,
Amor mais completo traduz paraísos
Vestido de sonho bebendo da fonte

Que nunca se seca, mostrando o horizonte
Que tanto tentara, sabendo existir
Na jóia tão rara, sublime porvir...
Marcos Loures


64

Meu verso só reflete; minha amada,
Toda a beleza imensa do teu canto.
És como a lua intensa, prateada,
Deitada sobre mim, em puro encanto...

Percorro o mesmo rio que ditaste
Com toda uma alegria sensual,
Nessa ternura imensa demonstraste
U’a força sem igual, fenomenal!

Que bom poder estar aqui contigo,
Dançando com palavras. Vou entregue...
Encontro no teu canto o meu abrigo,
E o sentimento imenso não se negue,

Amada, me permita te dizer,
Teu canto fez meu verso renascer!


65

Meu verso sertanejo, um repentista canta.
Mostrando o meu desejo, um moço caipira
Que sempre quer um beijo, um gosto que me encanta
Da moça em que prevejo a sorte que não fira.

Um coração sozinho em busca de uma manta
Que venha aquecer ninho em forma de mulher
Trazendo de mansinho o bem que ela quiser
E a lua no caminho à noite se levanta

Chamando pro ponteio através da viola
Ao pratear a terra iluminando a mata
Refaço minha sorte em plena serenata

Mostrando que o recheio, amada, da sacola
Trazendo pr’esta serra o cheiro do alecrim,
Meu canto traz a morte escondida de mim...

66

Meu verso se tornando mais conciso
Batuca no teu peito sem parar,
Vertendo em nossa cama traz luar
Na manta feita em puro paraíso.

Eu quero cada gota e sempre biso
Bebendo a vida em goles, farto mar,
Serpentes vão chegando devagar
Venenos em fartura sem aviso.

Vou ávido de ti prazer insano,
Transformo a brisa calma em minuano,
E a tempestade vira furacão.

Cabelos esvoaçam, cavalgadas,
Vagando mil estrelas, madrugadas,
Tocado pelo amor, louco tufão.
Marcos Loures



67

Meu verso se encontrou em plenitude
Dizendo simplesmente todo o sonho
De ter sempre o bom senso e juventude
No que se fez completo e bem risonho.

Que o tempo nos impele e nos ilude.
Um mundo bem melhor: eu sempre sonho.
Decerto em outros templos tudo mude
Porém quero um viver menos tristonho.

E digo deste modo,o que pressinto
Sorvendo todo o mel que me permites.
Concedes teu prazer, desejos, sinto.

E quero ser só teu. Em todo verso
Demonstro sentimento sem limites
Vencendo o duro medo de ir disperso.

Soneto feito sem a letra A


68

Meu verso se encantando
Buscando o teu carinho,
Assim irei cantando
Por todo o meu caminho,

Um homem se entregando
Outrora tão sozinho,
Amor vai dominando,
Entrando no meu ninho.

Quem sonha em ser feliz
Já sabe deste fato,
Contigo amor se diz

E mostra o seu retrato,
Legado que eu mais quis,
Remanso de um regato...


69

Meu verso se desfaz da poesia
Deixando para trás o que sonhara,
Matando em voz cruel o novo dia,
Fragilizado assim, desesperara.
A vida tolamente prometia
A noite solitária, fria, amara.

Na lua que se fez mais clara e forte,
O dia prometendo um novo brilho
Mudando todo o rumo desta sorte,
Trazendo uma esperança como trilho.
Não temo mais sequer a fria morte,
Seguindo sem temer um empecilho,

Imagem que eu tivera agora é rara:
“Somente a noite fria inda me ampara.”


70

Meu verso que te faço, verso amigo;
Reverso do que traço, sem temer.
Diverso do que penso, do perigo,
Neste universo inteiro, percorrer.

Converso com meu Deus e tanto peço.
Inversos meus caminhos percorridos.
Conservo os desejos que mereço
Sou servo dos meus erros cometidos...

Reservo o meu pedido de perdão,
Preservo meus amores sem juízo,
Me atrevo a te pedir compreensão,
No trevo entre inferno e paraíso...

Mas levo uma amizade tão fecunda
Me enlevo numa prece mais profunda...


71


Meu verso que se fez em puro afeto
Buscando nos seus olhos, minha luz.
No sonho mais bonito, predileto,
O raio que me leva e reproduz
Em um caleidoscópio belo aspecto
Da vida que me cerca e me conduz

Ao corpo encantador de uma morena,
Ao jeito tão faceiro da menina.
À glória benfazeja que me acena,
Aurora que me cerca e me domina.
Nesta delicadeza de verbena
A jóia, em raridade, diamantina...

No mundo mais airoso em que se crê,
Mil versos que dedico p’ra você...


72

Meu verso que disperso pelos ares
Encontra uma resposta noutro peito.
Atravessando ruas, rios, mares,
Navega em liberdade. Contrafeito

Por trazer a saudade como tema,
Exclama em solidão esperançosa
- Que sabes, é dourada e rara gema-
Na busca de uma vida mais viçosa.

Pensara não ter eco nem resposta,
Mas tendo uma amizade como a nossa
Saudade se fazendo em mesa posta
Morre enquanto o sonho se remoça.

Amiga, eu agradeço e compartilho
Contigo, ternamente, este outro trilho...
Marcos Loures


73

Meu verso qual aborto que incompleto
Deixou uma placenta no caminho.
Vencido pela dor não me completo
Nem tenho mais um resto deste ninho.

Sou quase, na verdade, um triste feto
Jogado pelas ruas, sem carinho.
No vaso que quebraste sem afeto,
Um parto que se fez, morreu sozinho...

Um ser que tão abjeto vai sem rumo,
Vergastas arrancando minha pele.
Numa acidez terrível, podre sumo

A sorte malfadada me repele.
Quem vive e nunca mais conhece o prumo,
Na morte encontrará enfim quem vele...
Marcos Loures


74

Meu verso procurando uma alegria
Encontra nos teus olhos, raro brilho
Seguindo uma ilusão que assim me guia
Percorro em pensamento um belo trilho.

Quem dera se pudesse, a cada dia,
Mostrar o quanto já me maravilho
Sentindo o teu perfume que me extasia,
Num sonho que se faz sem empecilho.

Nas malas que carrego do passado,
Tristezas, sofrimentos, dor atroz,
Ouvindo em emoção tal bela voz

Permite que eu te fale extasiado,
Que o peito emocionado já se cala
No sonho de poder somente amá-la...


8475

Meu verso predileto, o nosso amor
Bem distante da guerra, eternas tréguas
Navego o mar constante em esplendor
Por milhas, anos luzes, vastas léguas.

E sei que terei sempre o manso cais
Aonde o coração já sabe e diz
Do quanto amor ao ser assim demais
Num brado, grita ao mundo: sou feliz!

Em nossa parceria a solução,
Rompendo as tais algemas do passado,
Ao fundo ouvindo a voz: libertação,
O sonho sempre bom de ser sonhado.

Quando eu te conheci estava certo;
Portal do paraíso, em paz, aberto...


76

Meus discos esquecidos numa estante,
Parecem com minha alma abandonada.
Quem fora; por decênios, bajulada
Decadente se mostra num instante

A vida me calando, qual farsante,
Não deixa mais seguir nenhuma estrada,
Sobrando do que fui quase que nada,
Embora tão teimosa e relutante

Não queira abandonar uma esperança,
Nos discos que escutava, festa e dança,
Na estante a solidão do não mais ser.

Atando fogo, queimo esta vitrola,
E tento em novo canto renascer
Qual pássaro quebrando uma gaiola...


77


Meus dias transcorrendo preciosos,
Tateiam nesta busca mais sossego.
Nas portas que criei, pedindo arrego,
Peçonhas inoculas. Perigosos

Os sorrisos que trazes... Sempre nego
As cores que não tenho. Melindrosos,
Os caminhos sofríveis que navego.
Meus dias e meus dedos são nodosos!

Renasci dessas cinzas que sopraste.
A pátria que pariu m’abandonou.
As mortes que te dei, tu confrontaste;

E quase nada tive e me restou...
O vento sutilmente quebra as hastes ,
Essas hastes que ergueram quem amou!


78



Meus dias quando outrora alvissareiros,
Raríssimos troféus de uma esperança.
Promessas de vitória e seus loureiros,
Julgando bem mais forte uma aliança
Primor de velhos sonhos que, guerreiros,
Morreram sem resquícios na lembrança.

No lodo em que emergi, pr’a sempre imundo,
Charneca de meus olhos, falsidades,
No pélago vazio em que me inundo,
Distante de pureza e castidades,
Vagando sem ter rumo pelo mundo,
Apenas me restando tais saudades...

No crocitar de uma alma prisioneira
Somente a solidão é companheira.


79

Meus dias por teus dias procuravam
Embora tantas vezes não convinham,
Os rastros que na areia se buscavam
Mostravam para onde nunca vinham

Os dias que talvez inda clamavam
E restos de esperança já continham,
Enquanto os meus caminhos se passavam
Os braços noutros braços não se aninham

Vertentes deste rio que prossegue
Atrás de um velho mar, salgado e morto.
Recebo o teu olhar em manso porto

E sigo na alvorada quase entregue
Às rotas emoções, rotas perdidas,
Sem ver no labirinto outras saídas...


80

Meus dias embotados; silencio.
Nas pétalas doridas da saudade.
Um medo me turbando, estou vazio,
Vagando pelas ruas da cidade...

Às vezes- sem amor – penitencio
E calo qualquer forma de verdade.
Fantasmas, fantasias... Logo crio
Fugindo do que fosse liberdade.

Só resta uma esperança nisto tudo,
De um canto que renove o meu viver.
E quase novamente assim me iludo

Fazendo da amizade um novo canto
Que possa renovar o meu querer
Trazendo ao que me resta algum encanto..


81

Meus desejos transcorrem vivos, plenos...
Transformados em sonhos delicados..
Na beleza que tens, Ó minha Vênus,
Meu mundo viveria sem pecados...

A sorte que me lança de joelhos,
Não deixa mais verter as minhas lágrimas...
Das fontes que bebi, não sei de lástimas,
Os olhos que chorei, estão vermelhos!

Meus desejos deliram seu juízo.
O resto que carrego nem preciso.
O que fizeste enfim, dos tristes versos?

Percorro sem saber, mil universos...
Palavras beijam, cortam, dilaceram...
Amores que criei, nunca me esperam!
Marcos Loures


82

Meus dentes te mordendo levemente,
Aos poucos te entornando, devagar...
Sabendo que em meu mundo, de repente,
Meus barcos tu desejas navegar.

Eu quero a sensação do teu prazer,
Da sede que eu mais quero saciar.
Nos braços e nas pernas me envolver,
Delírios de perder e se encontrar...

Eu quero a maciez de teus cabelos,
Roçando minha nuca num enlace.
Carícias de sentir todos os pelos,
Nas horas em que mansa, tu me abraces...

Eu quero viajar contigo espaços;
Depois ir descansar nos teus cansaços...


83


Meu verso derradeiro, na verdade,
Espera um pouco mais para nascer
E sei que ele dirá de uma amizade,
Razão fundamental para o prazer.

Não deve demorar, a vida é curta,
Ainda mais querida pra quem sabe
Que o tempo de viver cedo se furta
Nos braços da doença onde já cabe

As pernas que decerto perderei,
Os olhos que se vão, bem lentamente.
Mas disso tudo amiga eu guardarei,
Resquícios do que tive, veramente.

Amigos que encontrei pelo caminho,
Embora, com certeza, eu vá sozinho...


84

Meu verso como faca corte e gume,
Vagando pela noite sem limites.
Dos vales mais profundos; ganha o cume
Da dor que não aceita mais palpites.

A flor que pede espinhos sem perfume
Impede que meus olhos; nunca fites.
Um sonho: ser feliz nunca se assume
O risco de viver? Não me limites!

Meus pés são minhas asas, vão libertos
O gosto da discórdia me atraindo.
Tragando os insalubres, vãos desertos

Sou parte do que fora o não ter sido.
As máscaras aos poucos vêm caindo
Na farsa em que imbecil; tenho vivido...


85

Meu verso calado
Depois desta festa
Amor delicado,
Por certo o que resta

Deixando de lado,
Invado a floresta
De sonhos, marcado,
O nada se empresta

E mostra um caminho
Sem paz, claridade,
Deixando sozinho,

Vibrando a saudade
Aquecendo o ninho
Sobrou amizade...


85

Meu verso andando a esmo pelas ruas
Depara-se com quem amei há tempos.
Bonita, como sempre, continuas,
Porém no nosso caso, os contratempos

Fizeram nosso sonho terminar,
Aborto do que fora tão divino,
Mas nunca deixarei de te adorar,
Tu és todo o meu sonho de menino...

Nas horas em que a lua acaricia
Tocando mansamente nos teus seios,
Amor quando em amor, já se vicia

Difícil se esquecer, isso eu garanto,
Mesmo que distante, sem receios,
Teu nome com saudades sempre canto...


86

Meu velho companheiro de desditas,
As noites que rolamos bar em bar
Prenúncios destas luas tão malditas
Trazendo esta vontade de chorar.

As nossas poesias mais aflitas
São feitas destes raios de luar
Palavras maltratando, velhas criptas
Aonde um dia iremos descansar.

Amores que perdemos nada são,
Apenas andorinhas num verão
Que voltam para a casa nos deixando,

Amores pela vida descartando
Restando tão somente esta amizade
Que é feita na aguardente da verdade...
Marcos Loures


87


Meu velho camarada, estou feliz
Somente por ouvir a tua voz,
Enquanto esta canção estreita os nós,
Eu tenho com certeza o que mais quis

Inspiração qual fosse um chafariz
Deixando no passado o medo atroz
De quem sem ter mais dentes quer a noz,
E via a poesia por um triz.

Agora sem sequer poupar o sonho,
Mergulho nos encantos do versejo,
Deixando vir à tona o meu desejo,

Um novo tempo em paz, eu te proponho,
Dos Pampas às montanhas, Sul e Minas,
As ondas da esperança são divinas...


88

Meu tormento, meu bem, sempre dói,
Se tu vens; porém nem quer me ver.
O meu medo, por certo, destrói,
Se te perco, que posso dizer?

Viverei sem poder ter o sonho,
Que, segredo, perdi, com teu bem.
O que foi, num momento, risonho,
Hoje sofro; viver, sem ninguém...

Resto o gosto terrível comigo,
Deste fel que verteu dentro em mim.
Eu te empresto, meu bem, o perigo
Que me morde, ferino sem fim...

Sei que sou esse resto, ferido
Sem teu corpo, desejo perdido...

Soneto sem a letra A


89

Meu tormento é companheiro
Que não me larga jamais.
Onde vou, seguindo atrás
Me acompanha o mundo inteiro.

Já me acostumei assim,
O tormento é meu amigo,
Pois, sempre andando comigo,
Vai comigo até o fim.

Se esse tormento morresse
Eu morreria também
Eu procuro por alguém

Que nunca se aborrecesse
Dividir meu pensamento
Com esse bendito tormento!
Marcos Loures


90

Meu tempo em alegrias; vou vivendo
Distante do que fora gelo e neve
Teus olhos aos meus sonhos prometendo
Desejos de uma vida bem mais leve,

Contigo permaneço não temendo
A dor da solidão que inda se atreve
A me roçar a pele, corroendo
Tornando uma alegria bem mais breve.

Nas asas/ liberdade, a fantasia
Refaz em doces olhos, novo dia
Tomando o coração invade a mente

E traz tanta fartura na colheita
Enquanto a fantasia se deleita
Eu quero o nosso amor completamente.
Marcos Loures


91
Meu tempo de sonhar já não existe,
Eu quero ter apenas um desejo
Enquanto a solidão não mais almejo
O coração sofrendo, segue triste

Do sórdido caminho, dedo em riste
O céu não mais trará fino azulejo,
Quem sabe inda reste algum traquejo
Num peito que, teimoso ainda insiste.

Pegando uma carona na vontade
Eu sigo os rastros tolos de uma estrela
Que morre mal ressurge a claridade

E deixa como marca, este vazio.
A sorte de sonhar e de contê-la
Não passa de tolice, ou desafio...
Marcos Loures


92

Meu sonho vai vestido em linho branco
Atravessando as noites nada alcança.
Apenas um sorriso de criança
Restando do que fora um moço franco.

No dia que percebo e que alavanco
O que sobrou de tudo, uma esperança,
O medo de viver já não me cansa,
E perto de teus olhos, eu me estanco.

Avanço, vou incólume, o caminho,
Embora em passos trôpegos, persisto.
Quem sabe inda serei por ti benquisto

Quem sabe beijarás a minha boca.
Meu sonho vai teimoso em branco linho,
Mesmo que esta esperança seja pouca...


93

Meu sonho vai vestido de saudades;
Invade tantas noites sem descanso
E mesmo se sereno, não alcanço
O manto que vestia, veleidades;

Entranho podres flores com maldades
Maleitas e defluxos, meu ranço,
No rancho deste tempo quando tranço
Os pés se distanciam das verdades.

Amor armado mostra-se sem nexo
E verte meus desejos no infinito.
Sem mar que me dê formas em reflexo,

Deformas esplendores e metais.
Alegre não consegues ver meu rito
Em doces e profanos festivais...
Marcos Loures


94

Meu sonho tão distante, em negra treva,
Alçando uma esperança no infinito.
A vida dolorosa então se neva
Na solidão mais dura do granito.

Quem dera se me ouvisses. A dor leva
O meu desejo intenso e mais bonito.
Por tanto tempo, sempre em louca ceva,
Apenas por resposta: o não, teu rito.

Mas sinto que virás ao fim do dia,
Na porta escancarada da ilusão.
Quem sabe assim, luxúrias, gozo e cio

Fomentem minha vida em alegria.
Nos laivos mais fecundos da paixão,
Queimando um coração deveras frio...
Marcos Loures


95

Meu sonho sem convés perdeu a rota,
Mulher que foi perfeita timoneira
Desaba da mais alta ribanceira
Deixando o que sonhei além da cota.

Galopo uma ilusão, o peito trota
Rasgando da emoção rota bandeira
Fazendo deste amor qualquer besteira
Roubando o pensamento, alma remota.

Cabeceira dos rios da esperança
Mortalhas avizinham num sarcasmo,
Mordendo e me cortando num orgasmo

A moça me enxovalha e não se cansa
Do quanto que não fui e não seria,
Alçando em bofetão uma alegria...


96

Meu sonho se tornando o derradeiro...
A morte me permite essa oração.
Entrego-me em teus braços, sou cordeiro
No sacrifício louco da paixão...

Um verme que campeia sorrateiro,
Omite-me palavras de perdão.
Talvez eu não mereça o verdadeiro
Sentido da palavra compaixão...

A solidão constela minha sorte,
Nas amplitudes todas, sou fracasso...
A boca que me oscula, fria morte,

Encobre e vai nublando tudo em volta...
Amor que já perdi, meu embaraço,
A dor dessa saudade me revolta!


97

Meu sonho se esquecendo da saudade,
Invade nossas noites sem descanso,
Trazendo, sem temor, felicidade.
E mesmo assim, sereno, já te alcanço...

Entranho molemente cada canto...
Não deixo que percebas que sofri.
Eu quero teu prazer em puro encanto,
Por isso; minha amada, estou aqui...

Amor sem ter juízo; mas com nexo,
Trazendo meus desejos infinitos.
Percebo nos teus olhos, meu reflexo,
Nas alegrias temos nossos ritos...

Durante nossas noites, festivais,
Deixando esse sabor de quero mais...


98

Meu sonho que se esvai qual leve fumo
Trazendo esse perfume de mulher.
Distante de teus olhos perco o rumo
Aguardo qualquer dor que, enfim, vier...

Meu sonho em toda noite se repete
Formando um carretel de finas dores,
Quem fora, em carnaval, tanto confete;
Sozinho procurando seus amores...

Mas sinto neste vento uma bonança,
Mando de seda verde que te cobre...
Deslumbro neste sonho uma esperança
Que a força dentro em mim já se redobre.

E traga, sem ser sonho, o meu sonhar.
Vontade, em realidade, de te amar!


99

Meu sonho qual noctâmbulo percorre
Os túmulos que trago no meu peito,
O sangue pela boca quando escorre
Esvai em conta-gota, encharca o leito.

Aos poucos esperança leda morre
E vago pela noite insatisfeito
Bebendo a vida intensa até que o porre
Permita o meu descanso e a morte aceito.

Se vens tocar meu corpo, carniceira
Encontras os escombros, meus destroços,
Carcomes e me expondo entranhas e ossos

Não deixas nem resquícios do que fui,
A mão que traz afago, derradeira,
Castelo que fatídico já rui...


8500

Meu sonho procurando pelo afã
De saber que não temo tais procelas...
A vida, sem sentido, minha irmã,
Soltando-se não teme tantas celas...

Quem pensou se perder, nova manhã,
Espera das auroras lindas telas...
Deslinda-se nas matas, flamboyant,
Meus mares navegando vento e velas...

Nos sonhos, receoso da saudade,
Expresso essa ilusão, velha quimera...
Qual Pégaso buscando liberdade,

Meus sonhos vão pairando p’los espaços...
Trazendo, temporã, a primavera...
Delícias encontrando nos teus braços...
Marcos Loures
 
Autor
MARCOSLOURES
 
Texto
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821
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