Jacinto conheceu Janete em uma roda de samba entre goles de cachaça, cantoria e muita dança. Janete, uma morena de pernas grossas, seios e quadris fartos do jeito que o sambista gostava.
A moça parecia alheia a tudo e a todos, mas, todos seguiam Janete em cada passo em cada rebolado que a moça dava. Maravilhado com aquele gingado que "Morenou" sua madrugada, Jacinto por vezes, silenciava seu pandeiro para apreciar a graça de mulher que era a Janete.
Jacinto olhou em sua volta, tentando aliviar a secura em sua boca e sambista quando fica com a boca seca é por que a coisa é séria. Do seu lado em cima da mesa, havia pra lá de meio um copo de cerveja. O sambista vira o copo de um só gole, levanta da mesa com alguma dificuldade se junta à moça batendo seu pandeiro, conduzindo a cadência e o gingado daquela máquina dançante. Jacinto sorria maravilhado, dançou, fez a corte e recebeu da passista, olhares insinuantes que lhe deixou perplexo, alucinado e sem voz.
Mas, voz era o que menos interessava naquele momento, deixou-se levar pela beleza da moça e por assim ficaram, por um bom tempo até que se aproximando dela, perguntou seu nome.
A voz era aveludada, a boca nossa... Jacinto não se conteve e a beijou em ritmo de um pandeiro suave contrastado com um samba quente. E foi assim, nessa mistura de corpos e gingados que Jacinto ouve a moça sussurrar em seu ouvido, Janete.
Janete foi se afastando como estivesse flutuando, mostrando pro dono daquele pandeiro toda sua sensualidade de mulher, por sua vez, Jacinto bate no couro do instrumento de modo impressionar a passista mostrando toda malícia de malandro, fazendo chegar aos seus ouvidos um som atrevido e contagiante.
Já passava das quatro da matina, muitos dos seus amigos haviam-se retirado, todos que o chamavam recebiam de Jacinto a mesma resposta. Vai indo, hoje vou ficar mais um pouco, está vendo não? To bem acompanhado!
O pandeiro na mão de Jacinto mais parecia uma bateria de escola de samba e quanto mais nele batia, Janete se empolgava, deixava a saia subir, fazendo com que as vontades de Jacinto ficassem cada vez, mais aparentes.
O dia já ia raiando e o casal seguia cantando, beijando se amando sem parar. Um amigo preocupado, segura no braço de Jacinto e diz: Vamos lá, que te levo pra casa. O sambista dá dois passos pra trás, levanta a mão que segurava o pandeiro, chacoalha o instrumento como quem gritasse: "Alto lá, não vê que estou acompanhado?" Olha como é linda! Essa minha namorada não existe e o amigo completa: To vendo amigo, não existe mesmo! Agora se apoie em mim, que te deixo em casa.