Ai, a dor
Do amor
Do desejo
De querer um beijo
De querer viver.
Ai, ai dor
Sofrimento
Coita de amor
Ó dor
Deixa de roubar-me tempo
Ó sangue,
Ó lágrimas
Misturadas ao sabor do vento
Ai, tormento, tormento
Porque não te calas?
Que verde foi meu coração
Vermelho, cor da ilusão
Azul minha paz
Minha sede.
Ó negro
Cor da minha cegueira
Morte à voz, peneira
Ó negro
Cor da minha triste capa
Imortalidade que mata.
Ai, luz
Sol roubado de esperanças
Céu que me traz lembranças
Perfume da Cidade
Feito ao sangue dos inocentes
Morte à luz incandescente!
Morte a mim!
Morte a ti!
Ai, vida
Ó vida!
Cruel
E eu sofro no papel
A tinta meu veneno
Minha amargura
Pirâmide de amor
E de desventura
Olho para ti com ternura
Olhas para mim com infelicidade
Olhamos o amor com má vontade
Ó, ó sentinela das areias
Maldição na ampulheta
A sina louca
A sina pura
De morrer
De viver
Agarrando a caneta
Escrevendo cartas
Sem remetente
Sendo o fiel destinatário
Sendo eu o deus dos pecados
Sendo o mortal que não tem tino
Ai, ai
Ai, ai
oh, oh
Que tristeza
Resta em mim
Ai
Ai
Em mim...
Pedro Carregal