Poemas : 

Sabe-me a sal

 
Sabe-me a sal
dor fingida.
Sabe-me a vazio
dor simulada.
Ando, tropeço, em silêncio
persigo-te na escuridão
de uma mágoa forjada.


Conheci-te companheiro
na berma de uma estrada.
Deambulavas perdido
na imensidão da tua dor.
Parei. Cobri-te com a minha
manta retalhada de consolo.
Tão pouco, quase nada...
E ficou-me este vazio
de te ver apenas partir
tão pobre do que te ofereci,
tão rico de solidão.

E eu... somente te vi passar


Rosa Maria Anselmo

 
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rosamaria
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Enviado por Tópico
TrabisDeMentia
Publicado: 30/10/2006 01:45  Atualizado: 30/10/2006 01:45
Webmaster
Usuário desde: 25/01/2006
Localidade: Bombarral
Mensagens: 2335
 Re: Sabe-me a sal
Eis que ele partiu então desconsolado...
Sua última frase("E eu... somente te vi passar") parece uma contradição uma vez que parou e lhe estendeu a manta e também porque o refere como companheiro.
Digo que "parece" porque, pode ser intrepertada como uma passagem na sua vida. Sendo esse o caso a palavra "somente" poderia revelar uma de duas coisas:
Revelaria o seu próprio desconsolo ou inconformismo.
Ou revelaria alívio.
A segunda hipótese tem mais fundamento se olharmos a primeira estrofe e o título do poema.

Afinal, você se dobrou perante uma falsa dor.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 30/10/2006 10:58  Atualizado: 30/10/2006 10:58
 Re: Sabe-me a sal
Concordo perfeitamente contigo quando dizes que este tipo de poesia passa ao lado,
Não é fácil para alguns sentir as dores que outros padecem, aliás será muito difícil alguém olhar para o lado e ver como sofrem os outros.
Admiro-te por isso, pela sinceridade e coragem o ser humano adora quando se fala em amor egocêntrico mas em dor generalizada, cada um que trate da sua...
Com isto termino o meu comentário.

Lixeira desumana


«Recém-nascido em saco de lixo - A descoberta do corpo de um recém-nascido num saco do lixo, na Rua dos Lagares, em Lisboa, deixou os habitantes da zona em estado de choque.»

A lixeira desumana anatematiza a vida, deste recém-nascido como se tratasse de restos de comida de nove meses.
Onde começa e acaba o conceito de vida na mentalidade destes seres promíscuos, que usam um saco para extravasar a alma da inocência.
Seja realista, que se passa com a humanidade?
Estaremos nós a sofrer as consequências da emissão de gases que promovem o aumento do efeito estufa, ou será este um novo conceito de reciclagem para a carnificina?
Parem!
Acordem!
Exteriorizem mais a vidência, o respeito pelos direitos humanos, andamos todos de cabeça baixa, desanimados, absorvidos pela insatisfação pessoal.
Com os cortes orçamentais, com a economia, o materialismo abusado e muita das vezes esquecemos, aqueles que são mesmo mal tratados.
Somos todos tão diferentes regidos pela mesma igualdade: “a morte e a vida”.



Conceição Bernardino