FADO DO CAIS
Paulo Gondim
12/12/2010
Por onde andarás, vida minha
Mar além, noite adentro
Em meio às ondas, sozinha
Parte de mim, que se foi ao vento
E cá, como figura morta, no cais
Ouço ao o longe o som da guitarra
Em cada nota, um pouco de meus ais
Na solidão do canto da cigarra
Em cada onda que se faz espuma
No beijo d’areia em branca praia
Olho o fim do dia em rala bruma
No olhar distante até que a noite caia
E o fado, em suave lamento,
Enche a noite, cobre o mar
Todo fado é puro sentimento
Mais se sente numa guitarra a tocar
Ah, vida minha... Por quem vais
A perder-se em mundo tão distante?
Por que não volves teu olhar ao cais
E vê-me cá, num esperar constante?
Paulo Gondim