Não existirás sem seres o teu próprio
Atearás choro com agua em lume.
Não existirá dor que tu não sintas
Ao continuares a ser energúmeno.
Não serei estofo para as tuas lágrimas
Nem tão pouco o teu conselheiro,
A vida são pequenas páginas
Que lês o dia inteiro.
Irás provar teu cálice de sangue ardente
Na colher com bordas de prata
Não existirá riqueza nem boa gente
Que te salve enquanto a vida te mata.
Quantos gritam de dentro do seu peito
Fome e desdém que fazem sentir
Na hora é guerra, e não respeito
Tanto louco a permitir.
Tão delicados e hábeis
São frustrações delinquentes.
Puta da mania que são sabios
E batem com a língua nos dentes
Não quero saber. Não quero imaginar. Quero ter vida para além de ti e de mim.
Quero provar e aceitar, fechar-me dentro de ti e saborear
Rasgar-te toda e colar a tua alma na minha.
Morrer e nascer de novo, nascer e morrer outra vez..
Não quebro o meu medo sem sentir receio
Que se foda quem já viu tudo.
Para muitos este mundo chama-se recreio
No qual não crescerei mudo!
Nuno Nebel