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A fazendinha

 
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A Fazendinha

Ritmo - Milonga

Eu outro dia no carro vermelho
Saí a fim de matar a saudade
E fui rever a velha fazendinha
Onde passei a minha mocidade
Fui pelo bairro dos navegantes
Já cheguei nela sem dificuldade
Não tinha mais a porteira grande
Tudo mudou parece uma cidade.

Vi muitos canos saindo fumaça
Na fazendinha o progresso chegou
Casas e casas dos operários
Rua, calçada ali tudo mudou
Lembrei do gado, plantação de arroz
Da peonada que ali trabalhou
Não tinha mais o sobrado velho
Chegou o progresso e com tudo acabou.

Meu coração é muito progressista
Mas eu fiquei sentindo com o progresso
Apagou todas as recordações
De onde eu fiz o meu primeiro verso
Aonde eu tive meu primeiro amor
A linda Isaura que perdão a peço
Adeus banhados e figueiras grandes
Cortaram tudo hoje é um insucesso.

Só ficou mesmo o Rio Gravataí
Onde eu nadava e fiz pescaria
Sentei na beira olhando ao redor
Meu coração sentiu uma agonia.
Meus olhos tristes sonhando acordado
Com o passado cheio de alegrias
Até o velho teixeira eu lembrei
Meu tio carnal que morreu certo dia.

Fui recordando dos fins-de-semana
Jogos de cartas e carreiramentos
Bailes e danças e domingueiras
Moços e moças nos seus juramentos
Muitas peleias de bala e facão
Tudo pra nós era divertimento
Passava os dias e se fazia as pazes
Tudo de ruim era só no momento.

Caiu meu pranto, subi no meu carro
Fiz as mudanças e saí correndo
Cheguei no asfalto onde era faixinha
Olhei pra trás com o coração doendo
Fui para casa e escrevi estes versos
Canto agora parece que estou vendo
"A fazendinha das recordações
Com as saudades também vou morrendo"

Composição: - Teixeirinha (1927/1985)


verde

 
Autor
João Marino Delize
 
Texto
Data
Leituras
1904
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