Lucas, filho do nosso caseiro -o Kiquinho- abriu os braços em direção ao alto e exclamou:-Ah!Como estou feliz! Como estou ansioso... – Por que, Kiquinho? Você ganhou presente? – Não... O papai disse que só depois da Ceia de Natal. – Então, por que tanta felicidade? – Você esqueceu Paolo, que seu pai nos convidou para a Ceia de Natal? Hoje, vamos todos à sua casa, vamos cear juntos; abrir os presentes... Uau! Não vejo a hora. Sua casa é muito linda, muito brilhante. Papai disse a minha mãe, que o seu pai é um bom homem. Muito rico, porém, nos trata como se a gente fôsse da família. – Kiquinho, minha mãe disse, que o seu pai sempre foi amigo do meu pai, desde que eram muito jovens, mas seu pai não gostava de estudar, abandonou os estudos cedo. Meu pai era muito estudioso, muito esforçado. Embora, os meus avós fossem muito pobres... Ele nunca deixou de estudar. Trabalhava para pagar os estudos. Tudo que nós temos hoje, foi pelo esforço, e, perseverança do meu pai. Está vendo Kiquinho, como é bom estudar? Nós temos que estudar muuito! E nunca devemos nos esquecer dos nossos amigos, meu pai não se esqueceu do seu. Por isso, nós hoje somos amigos. Até o meu cachorro é amigo do seu cachorro.
– É verdade, Paolo... Eu posso levar Tufão para a Ceia de Natal? – Não sei Kiquinho. Vou perguntar a minha mãe: Mãee! O Tufão pode vir com os Norato – este era o sobrenome da família do Kiquinho –, pra Ceia de Natal? – Meu filho! Não devemos. Não é bom que animais estejam junto com as pessoas, a hora das refeições, filho! – Ó mãe, ele é amigo de Sultão. Amigos ficam juntos no Natal... – Paolo, não é a mesma coisa com os animais. – Ó mãe, você comprou o presente do Sultão! E por que ele não pode ficar com a gente na ceia? – Nãoinsista Paolo!
– Paolo, Paolo! – Sim, Kiquinho... – Eu não sabia que cachorro ganha presente de Natal! O meu Tufão vai ficar triste, porque o seu amigo Sultão vai ganhar presente e ele, não! Paolo, o que você comprou para o Sultão? – A minha mãe comprou um osso muito grande pra ele morder, é um osso de brinquedo. – Ah! É? Eu não sabia que existia isso...
Kiquinho ficou calado... toda euforia desapareceu do seu rosto. Agora, ele estava preocupado com a tristeza que Tufão iria sentir, por não ganhar presente. E começou a falar com Deus: – Papai do céu, eu não quero meu cachorrinho triste... Olha papai do céu, eu posso até não ganhar o meu presente, mas, faz Tulfão ganhar um... O Senhor pode falar com Papai Noel. Ele pode dar um presente ao meu cachorrinho.
Lucas ficou todo o dia sem ânimo para brincar. O sorriso constante sumiu do seu rostinho. Enfim, chegou a hora da grande Ceia. Lá estavam todos, arrumados em volta de uma mesa muito linda e farta. Todos sorriam alegremente, não perceberam que Sultão, o cachorro anfitrião, entrou de mansinho na sala, acompanhado por Tufão... Ficaram deitados debaixo das cadeiras dos seus respectivos donos, no mais completo silêncio. Enquanto que os empregados, muito bem vestidos, serviam a mesa silenciosamente.
De repente, a dona da casa -a minha mãe- ao pegar o talher para cortar o peru, perdeu a coordenação motora, o peru foi ao chão! Tufão levantou-se de repente... abocanhou o peru, saindo em disparada seguido de Sultão!
Todos ficaram perplexos! Olhavam uns para os outros, enquanto que nós - crianças, gargalhamos com o acontecido. Kiquinho dizia: Obrigado Deus! Você falou com o Papai Noel dos animais, ele deu o presente do meu Tufão!
EstherRogessi.
Quando descobri o que sou para Deus a opinião da oposição, a meu respeito perdeu o efeito; quando me conscientizei do que Deus é para mim dispensei intermediários.