Só a voz se emudece… amado, só a voz,
que o sangue, a cada fim de tarde, a cada fim de dia,
pulula e grita e eu sou somente, saudade …
E toda a Lezíria se agita e o rio é um lago manso…
e logo, incontido, jorra em hipérboles de ruído…
num rio de silvas… num rio de riso…
Lateja no sal das lágrimas,
explode-se na adrenalina da pele,
no momento em que deslizo no ventre da tua voz,
no instante em que sou Sol
a naufragar no rouco do teu mar.
Oh, meu amado,
nesse instante demente e inacabado,
viajo sem porto ou rumo nas asas que escrevo por ti;
Vogo palavras que não digo, cogito gestos,
teço lendas e mitos,
bordo astros num bastidor de verdades…
… teço-me e sou o teu linho, num fio supremo de fino,
ao tear dos teus dedos, e te ofereço, amado,
integral, a roca dos meus segredos …
E tu chegas … e és barco no meu mar revolto,
o sossego dum farol, o porto à minha espera,
na campina sobre a fera, a dominação do campino.
E eu sou de ti, ventania e bonomia, no negrume da noite …
e tu cavalgas o meu desejo num tempo sempre menino,
num amor intemporal … na fúria de um açoite,
e partes, deixando no meu corpo o teu beijo de sal,
... e sou de ti, amado e tu de mim, um grito inteiro.
E de novo, toda a Lezíria se agita e o rio é um lago manso,
agora embriagado no perfume do teu cheiro …
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