Gosto do poema que cresce.
Que caminha à velocidade da sua métrica.
Que na sonoridade se rejuvenesce.
Que torna a ideia eléctrica.
Que acaba exactamente
onde deve acabar.
Que nos premeia com
aquele silencio depois do seu fim.
E nesse mesmo silencio nos deixa a pensar
“Será que isto é mesmo assim?”
Gosto do poeta sem medos.
Que se espalha ao comprido na folha.
Que de nós não tem segredos.
Que não se tapa com uma rolha.
Gosto do leitor que se entrega.
Que se alimenta daquilo que lê.
Daquele leitor que não nega.
Que o que leu é aquilo que vê.
(às vezes)