Finjo acordar de noites em branco
Onde construo sonhos de origami
No excesso das horas
Desta insonia profunda
Onde me deito todos os dias.
Espreguiço-me de uma preguiça que não tenho
Representando a normalidade
Pois não estou cansado de nada
Porque tudo me falta
Para me cansar.
Se o sonhar tem como fim
"arrumar a casa da realidade"
Entendo então porque não sonho.
A minha realidade é uma casa Inabitada
Com a mobília tapada
E com as janelas fechadas a uma luz que teima em não chegar.
Não sou um ser autotrófico
Não produzo o alimento de que careço
E a pouca energia que produzo
È canalizada à imbecilidade.
Neste excesso das horas
Onde construo sonhos de origami
Nas noites que fingem "dormir-me"
E onde teimo em me deitar.