Por palavras, por tinta entre momentos,
Tornam-se orgânicos os pensamentos,
E a ditadura da escrita arrasta-me
novamente para este lugar.
Soldados de infantaria,palavras que jamais diria,
Marcham na métrica, no tempo, numa demanda à sonoridade.
São como um povo oprimido, em busca do exílio.
Anseiam no horizonte de cada folha em branco,
A vista de outra costa qualquer.
Barcas remendadas, frases atropeladas,
Ideias apavoradas, à espera do que vier.
Mortes cansadas, por não terem cemitérios,
Verbos exumados, sacrilégios editados,
Fins por acabar.
Mortes cansadas por não terem funerais,
Todas elas iguais.
Todas elas iguais.
Mortes abandonadas, sem terem sido pesadas,
Todas elas cansadas.
Todas elas cansadas.
Esta vida por autópsia, não tem onde morrer.
Ou limita-se a ser escrita, ou sujeita-se a escrever.