És um refrão que me esqueci…
Musica, ceptro de marfim, elite do jardim, a cor-de-rosa luxuriante.
Vou ao som da tua música, entorpecente fracção lúdica na tua boca fascinante.
És-me todas as letras um abecedário de vendetas no esguio do teu corpo breve…
Ando sempre atrás de ti porque tinha um peso em mim, contigo sinto-me leve.
Faltei dias ao trabalho, deixei de dizer caralho, só para te impressionar.
Já fumo menos de um maço pois parte do tempo passo de boca aberta a olhar.
Tens um riso que brota estrelas, brancas, verdes, amarelas na tua face quente e púrpura…
Olho para ti de repente, embora force e experimente, o coração sente culpa.
Sempre fui meio ordinário, missal de calão doutrinário a rezar pela boca…
Contigo é de uma gentileza que me dou na incerteza da gramática estar louca.
Tens saias, calças, vestidos, sapatos ténis coloridos, ficas mesmo bem aos trapos…
Tens meus olhos embutidos, fins do mundo prometidos, por ti fico em farrapos.
Dei por mim a beber água sem ressaca nem mágoa do meu eterno gin tónico…
Tenho-te todos os amores do sexo e das flores e também do platónico.
És um trecho de poema, uma prosa Madalena, encaminhas ao pecado…
Tens romances no olhar, contos de fadas a brilhar, és um Nobel encantado.
És a gaja, a senhora, a menina, a doutora, vizinha do quarto andar.
Pois agora és então desejo, sede e tesão, conjugação do verbo amar.
Tens nas pernas sensações, no peito ópio de ilusões, aos defeitos não ligo…
O refrão que me esqueci é de uma letra que fiz...
Quero tanto estar contigo.