CÁ ENTRE NÓS
Uma vez que já não são forçosas nem a rima nem a métrica, o que a poesia reclama, tanto quanto julgo é estética e sobretudo substância. Permita-se-me pois por neste texto a nesga de conteúdo que hoje inquieta os meus neurónios: - refiro-me ao tornado que assolou determinada área do centro do país. Ao ver as cenas na TV, senti-me consternado assaltado por sentimentos de solidariedade que a situação reclama. Quero ser sintético: penso que ocorrências destas, de que ninguém tem culpa ( incontroláveis desmandos da natureza)para além das respostas que possam dar as instituições e as companhias de seguros, reclamam verdadeira solidariedade da parte dos cidadãos, sobretudo em relação às vitimas mais carenciadas. É fácil endossar responsabilidades, mas menos fácil reconhecermos a nossa. Entendo que essa resposta ao problema deve ser dada por movimentos de solidariedade gerados a partir da própria região, uma vez que a zona afectada corresponde (e felizmente) a uma faixa desse território. Não, não resisto a este apelo de solidariedade de que nós portugueses somos ricos em palavras, na hora do acontecimento, mas não tanto na sua perpetuidade ( aqui estou a pensar já nos desníveis sociais e consequentemente noutros caminhos a percorrer).
Julgo que me faço compreender, pretendendo apenas deixar claro (por razões de coerência e nunca outras) que me sinto com legitimidade para fazer este apelo, por ter na minha vida experiências concretas.
Antonius