Crónicas : 

Solidão Social-A Crônica

 
O rapaz saiu de casa,saiu com um cheiro de perfume popular,a melhor camisa que tinha no seu guarda-roupa,seu guarda-roupa já comido pelo cupim,uma camisa de amarelo forte,sua calça jeans que passou messes economizando uma parte do salário para comprá-la,pegou se MP3,passou gel no cabelo,nesse cabelo preto,de menino caucasiano,um belo desodorante,afinal no Brasil antes de qualquer saída para festejo de qualquer forma,há de se tomar um bom banho,deu tchau a todos os seu familiares e,foi direto a parada de ônibus.

Naquela parada quase acabada,por causa do mau mantimento,e da sociedade em geral,ele não pode sentar,na periferia de uma cidade,que dessa vez,não citarei o nome(pois sempre gosta de fazê-lo),esperando o ônibus,lá pelas 12:00 do dia,uma das horas mais intensas do dia,junto à madrugada,não só pelo seu Sol irradiante,que ninguém gosta,pois não somos girassóis,ele esperará um ônibus que estava atrasado 15minutos,mas pronto ao longe o viu,como quem sente a emoção de encontrar-se o avião,como se fosse fazer a viagem de sua vida,ou talvez que sabe à fizera.

O ônibus chegou,ele logo vibrou a mão diante do “monstro dos monstros” dos transportes coletivos,vibrou a mão mais rápido do que um celular vibra numa chamada de urgência,subiu ao ônibus,pelas escadas,escadas poucas,poucas escadas,quando chegou a plataforma do veículo terrestre,olha rapidamente ao trocador,retirou o dinheiro do bolso,e a carteirinha também,como bom estudante que era,pagou,passou,sentou,olhou para a transparência do vidro,uma mulher bonita estava ao seu dispor,ela não ia nem encarar a afronta,não estava percebendo o descaro na cara dela,do rapaz apreciando aquela cara branca,pálida não,odeio esse termo,branco era o rosto dela,mas logo deixou de olhar.

Chegou ao seu destino,era uma biblioteca pública,logo entrou na biblioteca,buscou o livro,buscou,buscou,buscou e não encontrou,logo foi perguntar a mulher do balcão ela indicou, rapidamente e simplesmente o pegou,foi embora para a parada,mas dessa vez a parada era esplendorosa,parecia mais o mirante de uma montanha em Maranguape,do que uma simples parada de ônibus,estava ele na burguesia,e lá na poderia faltar,sentou-se pois não tinha ninguém,cruzou as pernas,dessa vez não desligou o MP3,ele abrirá o livro quando o ônibus chegou,fechou o livro,e se dispôs ao ônibus.

Logo quando o ônibus chegou fez o mesmo procedimento,pagou e sentou-se lá na frente,abriu o livro de novo,começou a ler,leu,leu,leu,que o tempo passou sem ele perceber,como se a agulhas do relógio(não sei por que usaram esse termo de agulhas no relógio,como se o relógio fosse feito de tecido),virassem puro gelo,de repente,algo lhe assustará,uma senhora gorda,sentou-se do seu lado,ocupou o seu espaço e o dela,e se houvera outro espaço também o ocuparia,ele olhou para ela,com assombro,mas logo ficou zen,mas o que lhe preocupou mais foi o que virá depois,da janela não era mais o lugar onde ela queria chegar,não era mais os meus sinais aos quais ele esta acostumado,era outro mundo,outra mulher gorda,não estava mais zen,estava uma Babilônia depois da irá de Deus,confuso,tímido(como um bom menino de periferia),ele suplicou a quem escutasse sua voz interior

-Quem estiver ai,me de um sinal aqui,pelo amor de Deus!

Logo viu um posto de gasolina,reconhecido para sua retina de outras viagens com sua família,e de lá já soube contar,o que lhe restara para chegar em casa,começou a contar,logo ao terminar a conta,seu olhos se dilataram,como quem usa drogas,ou quando vamos ao oculista e colocam aquele negocio chato no olho,faltavam 3 terminais,para chegar em casa,no entanto tinha que parar na próxima parada para ir ao primeiro terminal.

Parou na parada,a “parada” tava tensa para ela,não tinha dinheiro sequer,mas mesmo assim subiu ao ônibus,foi o primeiro a chegar,que ia ate o terminal,ele estava muito nervoso,e algo lhe incitou a querer dar sinal aquele ônibus,instinto?nervosismo?Não quis entrar em filosofias,pois não tinha tempo,só entrou no ônibus,sentou-se na parte de trás,como não poderia descer sem pagar,ele não podia descer em outra parada,só no terminal,então não podeira se fazer de esperto e sair correndo quando a porta de trás abri-se,e no terminal esta fecha,ele teve que esperar,pedir,talvez mais tarde que se aproxima-se mais do terminal,acontece que havia um homem atrás dele,muito nervoso,mais do que ele próprio,este lhe tremerá a mão,e olhava para todos os lados,de repente este salta da cadeira,empunha uma arma na mão,e diz o seguinte:

-Isto é um assalto!Se for preciso atiro- rapidamente pegou o menino do pescoço,ele já estava bem nervoso,”e numa hora dessas”,ainda bem que sua bexiga não estava cheia.

-Calma não façamos nenhuma besteira,calma- disse o cobrador

-Deixa eu passar pela catraca- esbravejou o meliante

Logo o cobrador abriu passo,ele com a arma na mão apontando na cabeça do menino,e com o
outro braço no seu pescoço,ele passa pela catraca,de lado,com os olhos do menino apontando ao trocador,que trocou a mais singela compaixão por ele,logo se depôs a frente do veículo,mandou o condutor seguir seu labor,e ordenou imperativamente a todos os presentes,que ficassem calmos.

O livro o qual ele estava lendo,foi deixado na sua cadeira,e esquecido pelo puxão do ladrão,chegaram ao terminal,o ladrão saiu correndo,como um louco,para a porta do terminal,pulou a catraca,foi embora,o menino foi logo reconhecido quase como herói,os lá presentes o acolheram;ele tomou um belo susto,mas da humilhação social de pedir,será que na sua cabeça tomada pelo genocídio capitalista de idéias,seria melhor ter acontecido isto,ou ter pedido,bom não lhe era mais conveniente pensar naquilo,não quis dar queixa,sua religião,lhe proverá de compaixão ao ladrão.

Ele logo estava recuperado do susto,e tinha mais dois ônibus a pegar,foi a parada do outro ônibus,desta vez como não precisava pagar,pois já estava dentro do terminal,entrou tranqüilamente no ônibus,não ligou para a família,pois eles eram muito pobres e não tinham nenhum carro,ele lhes assustaria muito mais,também não tinha dinheiro para ligar,melhor pegar o ônibus,desta vez não sentou-se numa das primeiras filas,como ele gosta,assustado ainda,o bus prosseguiu,todo o mundo já sabia da historia dele,todos o olhavam com uma cara de interesse urbano,do pânico da TV, como se ele fora a noticia num jornal policial,como se o apresentador já soubesse de sua historia,e já tivesse documentado para todos,mas ele estava lá,a presencia dele era como a de uma celebridade,a celebridade do medo social,chegou no outro terminal e desceu,para pegar o outro ônibus,e assim fez, pegou o ônibus e foi para casa,chegou em casa e contou a historia para sua família,todos se assustaram com a notícia,mas ele lhes confortou,mas só depois de uns dias,tudo se acalmou,no entanto logo depois de um bom tempo,chegou o livro que estivera lendo naquele instante;na sua casa,no remitente tinha escrito,José de Almeida,abriu o pacote,e lá estava o seu livro,abriu o livro,pois não era dele,e tinha que ter zelo,porém tinha algo escrito numa página antes do índice,dizia o seguinte:

-Sou o cobrador do ônibus no qual vivenciamos aquela trágica tarde,queria lhe informa algo,pois se lhe pode agradar,eu denunciei o ladrão,ele foi pego,e disse no seu depoimento a delegacia,que só roubou o ônibus porque estava sem dinheiro para pagar a passagem,e ai então aproveitou,a chance que tinha,de haver só mulheres e velhos no veiculo,eu sinceramente achei muito sem nexo o depoimento dele,quando disse que roubou o ônibus porque estava sem dinheiro,só uma pessoa muito má mesmo para assaltar um ônibus por causa de uma passagem,se fosse eu não tinha subido nem no ônibus sem dinheiro;bom espero que você já tenha se recuperado,boa sorte daqui pra frente.

Mas ele sabia,que não era tão bom,quem sabe se tivesse uma arma na mão,teria feito o mesmo,o livro ficou marcado,com aquela mensagem,e não pudera devolver,seu coração ficou marcado igualmente,por aquele passagem,que não fora comprada,para sempre mais uma cicatriz que nunca poderá esclarecer a duvida.


LUCAS LIMA M.

 
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LucasLimaMota
 
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