Dos teus lábios, meu amado, o silêncio com que escrevo;
Do lirismo das palavras, na placidez do algodão em rama,
no derrame exacerbado
de um amor rasgado às brumas, às cinzas tépidas,
na melancolia, no acervo d’auras raianas de loucura.
Descem sombras sobre os meus olhos de prado
e as ondas bravas são agora no meu rosto
gotas salgadas a deslizar a perturbação da distância…
Deixo que se soltem em sílabas dispersas no meu verso,
entrego-me completa,
em dádiva e em oferta a um amor sem palco,
um amor sem acto, um amor frugal
e logo desmedido, um amor que se explode
casto, virginal, na fome da carne, em ensejos míticos
esculpidos no negrume da pedra em aulidos de fera
e que se aquieta,
e que se acalma,
na intemporalidade de um só raio de luz,
… na hora exacta
em que os meus braços te enlaçam a vácuo,
num sonambulismo atento, numa vigília adormecida,
em que me dispo de mim e me visto do grito verdadeiro
dos espasmos do teu cio, do teu tacto, do teu cheiro,
na hora inconcebida ou prematura,
em que a Natureza indómita se expurga da solidão vazia,
e fluí em rodos de espuma à fonte da vida.
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