Rabecão,
Que carregou o meu cadáver!
Que descansou tão grande solidão,
À sombra de uma árvore...
Rabecão!
Todo esse meu existir foi tristonho...
Foi assim como a paixão!
Que revivi num flébil sonho...
Rabecão!
Demorou - a minha alma -, contigo...
E o corpo desceu ao chão!
À profundeza do último abrigo...
Rabecão!
Foi muita terra sobre a cova jogada...
Penetrou fundo o caixão!
E inda mais a carne putrefata...
Rabecão!
A solidão me foi seva companheira...
Apunhalou-me o coração!
E fez festa nele a vida inteira...
Rabecão!
Muitas lembranças ficaram comigo...
Dos arcanjos, a comoção!
E as lágrimas vertidas contigo...
Rabecão,
A minha vida foi passagem inglória...
Passou, assim, de supetão!
Sem deixar nada para a história...
(® tanatus - 23/11/2010)
* Carro para transporte de cadáveres