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O RETRATO

 
Há quatro dias caminhava... Sozinho, e sem saber onde estava, continuava. Continuava a minha eterna procura. A procura do significado de amar. Amar no sentido ininterrupto, onde a vida se transforma, o sentimento se fortalece e a alma se completa. Andava em passos curtos, pois o cansaço dominava. Desorientado, logo avistei... Apenas via o seu interior. A sua forma em fantasia fascinava o olhar, que mesmo sem desvendar se completava.
Nesse obscuro desprendi-me dos princípios da razão. As características definiam o que eu não definia naquele momento. Elas, as características, percebidas, aglomeradas, todas saíam do conteúdo disfarçando a sua verdadeira beleza.
O vulto, a sombra, o reflexo, todos traziam pouco a pouco ao meu olhar, confuso, a verdadeira imagem.
Uma luz surgiu jamais vista por meus olhos e desapareceu repentinamente. As nuvens no tom azul do azul, lindas, muito lindas, ficaram a apreciar. Cheguei mais perto... Assustei-me no ato da confusão. Decidi não me afastar. Olhei... Preferi olhar novamente e depois encarei. Pensativo, reconheci. Ah, um lindo retrato.
Retrato esse de uma bela moça! Muito bela. Tão bela, que seu olhar me conquistava sem ao menos conhecê-la. O coração acelerava sem ao menos senti-la. Seria o meu amor? Ela traria consigo as respostas que procuro? A solução da minha vida em querer entender o significado?
Estou aqui, não sei onde nem sequer se a procura termina com o surgimento desse retrato. No laço, no embaraço, ainda procuro o significado de amar. Teria eu andado por lugares incertos, esperando uma resposta, e essa, poder estar num retrato?
O amor... No que se transforma? O que o transforma? O amor é quase nada quando queremos o tudo. O amor pode ser imaginário. Pode tomar forma ou quem sabe ser o que não queremos.
O amor, ah o amor! Que loucura pensar que se sabe amar sem ao menos entender o que é... O que significa. Entender o que é o amor, não é apenas dizer: “Eu te amo”. Dizer – eu te amo – não significa o tudo procurado.
O tudo, às vezes não é amor. Temos que senti-lo, carregá-lo onde formos e jamais, jamais abandoná-lo.
Por que o amor não é de uma forma a qual podemos pegar e modificar ao nosso modo, ou quem sabe programá-lo ao nosso gosto?
O amor não se encontra onde pensamos e queremos. O amor está a cada passo dado em cada dia vivido de nossas vidas. O amor está onde tem vida.
O amor sentido – especificamente falando – entre um homem e uma mulher pode ser extinto, mas extinguir um amor não é matá-lo nem esquecê-lo. Não se esquece um amor...
Ele chega, toma conta, convive, vai, volta, resolve ficar, sumir às vezes, se perde em caminhos errados e mesmo assim não sabemos reagir a certas mudanças. Mudanças as quais mudam uma vida inteira, até mesmo carregar uma alma para um mundo onde ela jamais conseguirá encontrar-se por si só. Esse fato, ou essa realidade nos torna amados e odiados.
Sem entender o tudo... Tudo o que é amor sempre desejaremos saber mais e mais, porque o amor é um alívio, é um resumo que não se pode resumir, porque não há motivos para resumi-lo e sim retesá-lo.
O amor na sua infinidade não é nem será o que é, estará e viverá em eternas mudanças, e infelizmente não as acompanharemos por motivos de pouco preparo.
Se preparar é a essência da vida. Para todo objetivo alcançado evidentemente houve um preparo.
Amarei sempre e sempre. Não vou fugir! Encarar e buscar vencer serão minhas atitudes eternas, mesmo que a vida me traga momentos, os quais eu não entenda.
O retrato foi apenas um recado... Acabo de perceber que sonhava e ao acordar notei que existem razões em ter tido esse sonho. Vou procurar essas razões, tudo porque eu sei: viver é amar, porque a semente do amor nasceu junto com a vida.


Miquéias Costa Rodrigues
um abraço a todos

 
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Miquéias
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