agarrei a poesia como tábua de salvação, essa mesma poesia que me desconhece e tece o meu destino a minha revelia.
não mais luto, não permito mais colocar as minhas mãos pesadas no teu ombro. no meio dos escombros, nem eu, nem você. apenas a minha obediência ao mundo.
no fundo de mim, em minhas águas sem luz, animais estranhos habitam. escondo-me lá onde as algas são o inconsciente.
e sinto que você não sente. e sinto que alguém mente.
olho por cima da cerca, admiro o que ficou do outro lado, reaprendendo o amor, amado. e eu que já não penso mais em mim, espero somente as mãos reais que hão de modelar o meu corpo e o meu pensamento escondido no sonho do vento, naquilo que tive sem nunca ter tido.
chiara
ainda não aprendi como assinar... as letras ainda me assustam...