Tento esquecer-te… Tento esquecer-te a cada dia que passa. Não quero relembrar algo de que não me orgulho e que me provoca culpa e remorsos. Deixa de atormentar a minha mente que me instiga febre, cólera e outros quantos sentimentos que não me lembro nem refiro. Quero libertar a minha raiva, gritar aos sete ventos o que sinto e as assombrações que me perseguem. Este não sou eu, um ser rancoroso e vingativo sem piedade cometendo actos impróprios. Esta é uma imagem da dor presente na minha alma, algo que mesmo não sendo a minha personalidade me transforma numa pessoa vil sem qualquer sentimento sendo como psicopatia criada através de traumas passados. Preciso de apagar esta mágoa da minha alma e libertar o meu espírito há muito perdido nos confins da minha pessoa. Necessito de voltar a viver, a sentir e a experimentar sentimentos arrumados nas últimas gavetas do meu pensamento que é apenas um arquivo da minha longa e vasta memória criada por uma longa existência em que tu estiveste basicamente sempre presente tendo apenas algumas lacunas, períodos em branco sem qualquer tipo de sensação por mim sentida. E agora estou no limiar da loucura, não distinguindo o real do fictício, misturando dois mundos tão distintos que teimam em cruzar-se e entrelaçar-se em linhas cerebrais nas quais não era suposto estarem. Não era suposto, mas estão tal como tudo na vida. Pois o suposto é nada mais, nada menos do que a desculpa pela qual algo não se encontra no seu devido lugar.
Fernando Teixeira