Sonetos : 

MEUS SONETOS VOLUME 053

 
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201

Do banco da pracinha, do jardim,
Memórias de outros tempos. No quintal
As roupas balançando no varal
Da vida que passou dentro de mim.

O tempo foi tornado em temporal
O mundo se nublou demais assim
Calando toda a força do festim
Até que amor, chegaste, no final.

E a ventania dura virou brisa,
A paz veio tão mansa e companheira.
Tua palavra amada sempre avisa

Que tudo renasceu em nossa vida.
A flecha de Cupido tão certeira
Refaz esta alegria, já perdida...


202

Do amor, a mola mestra, luz e encanto
Espalhados pela terra em noite mansa,
No quanto eu desejei já sem espanto
Permite imensidão na qual se lança.

É claro que um disfarce cai tão bem
Em momentos difíceis, eu não nego,
Mas sem esta presença, certo alguém
Caminha pela vida, amargo e cego.

A música que escuto; uma balada,
Falando dos amores impossíveis,
Paixão que é tantas vezes maltratada
Sob olhos bem mais duros, impassíveis,

Diversa do que canta o realejo,
Trazendo a paz sincera que eu desejo.



203

Do amor que tanto quero, estás concorde,
Infindas alegrias tu me dás.
Permita que a teu lado eu sempre acorde,
Sinônimo de glória, luz e paz.

Não deixe que as tristezas eu recorde,
Sabendo da emoção que amor me traz
Outrora um simples pária, agora um lorde,
De ser bem mais feliz, eu sou capaz.

Açoda-me a ventura de sentir
Maravilhosamente o meu porvir,
Nas mãos tão sedutoras da paixão.

Abrindo do meu peito, estas janelas,
Encontro este deslumbre que revelas
Fazendo disparar meu coração...
Marcos Loures



204

Do amor que tantas vezes muda o Norte
Das vidas que se entregam totalmente.
Às vezes mostra a cura ou traz o corte,
Mudando o nosso rumo vorazmente.

Por mais que o rio trague o seu aporte,
Não muda do oceano uma corrente.
Nas mãos do deus menino, a nossa sorte,
Além do que se quer ou se pressente.

Beber da farta fonte, uma ventura,
Que o coração audaz sempre procura
Vencendo os seus temores e receios.

Seguindo, peito aberto, exposto ao vento.
Sorvendo com nobreza o sentimento,
Buscando do infinito, rumos, veios...



205


Do amor que sucumbiu, o mesmo traço
Repete a velha cena, riso e pranto.
Tomado pelo incrível desencanto,
Por vezes, falsamente eu me refaço.

Um gozo já perdido agora eu caço
E bebo do que fora um pouco ou tanto.
Amor que se tomou pelo quebranto
Aos poucos, sem remédio, eu me desfaço.

Porém se assim disfarço, vou em frente,
As contas pra pagar, o riso falso.
Mergulho neste mesmo cadafalso

Não tendo outro caminho que eu invente
Melhor é prosseguir, boca fechada.
Sabendo desde já, não terei nada...
Marcos Loures


206

Do amor que se mostrou ser mais capaz
Eu trago este sorriso franco e belo,
No gozo da alegria a vida traz
Um sentimento calmo e tão singelo.
Somente o amor profundo satisfaz
Portando toda a glória em que revelo

Os sonhos de um mineiro enamorado,
Vestindo esta esperança em fantasia.
Viver o quanto posso do teu lado
Demonstra todo o bem que em que se via
Um canto pelos cantos, encantado,
Forrado pelas mãos da poesia

Mostrando a lua clara plenamente,
Deitando sua prata sobre a gente...
Marcos Loures



207

Do amor que nos tomou, forte e sincero,
Um rito que se mostra encantador.
Viver a plenitude que eu espero,
Colhendo em teus canteiros cada flor.

Tu tens em tuas mãos tudo o que eu quero,
Caminho que é deveras promissor,
Intenso sentimento, outrora mero,
Expressa no meu peito, este louvor.

Teu beijo delicado e tão gostoso,
Teus lábios de um mais vivo carmesim
Desejo deste amor que sei sem fim,

Um templo aonde um deus maravilhoso,
Criou raro tesouro que é só meu,
No amor que, alucinante, concebeu.


208

Do amor que nós tivemos, nem acróstico,
Estúpida quimera que tempera
Um coração que teima em ser agnóstico
Sem óstios, hóstias, beija amarga fera.

Acendo o meu cigarro, bebo o vinho
Entendo cada senda como sanha
A cada passo assolo o sol sozinho
O verde se espalhando na montanha.

Apanho os meus bonés espero esquife
A paz celestial, o que pretendo.
O amor que não se mede vai patife
Em todos os meus poros mel vertendo.

Mas saiba que te quero bem, ainda.
Palavra que me dizes é bem vinda...


209

Do amor que nos promete maravilhas
Deslindam-se momentos tão suaves,
Seguir estas estrelas andarilhas
Fazer dos corações sobejas naves.

Supero com teus lábios os entraves
Sabendo quanto em mim percorro as trilhas,
As esperanças voam como as aves
Os sonhos não respeitam, mares, milhas....

E tudo o que mais quero é ser feliz,
E mesmo que eu me faça trampolim,
O amor que me ofereces traz enfim

O gosto de alegria que eu bem quis.
Se a gente pode ter algum futuro?
Mergulho sem defesas neste escuro...



5210

Do corpo da mulher montes e vales
Colinas deslumbrando paraísos.
Riqueza de prazeres em detalhes,
Uma escultura em toques mais precisos.

Doçuras cristalinas, os sorrisos,
A divindade encontro em tais entalhes
E perco totalmente os meus juízos
No encontro delirante bens e males.

Ao dicotomizar delírio e dor.
A fonte inesgotável a propor
Um pálido desmaio em braços mansos.

No colo desta deusa, flechas, arcos,
Deliciosamente aporto os barcos
Sabendo temporais em tais remansos...


5211

Do beijo com certeza gostarás
Pois dado com amor e com desejo.
Não digo que em amor eu seja um ás,
Porém deste jeitinho que eu prevejo

Com língua audaciosa sou capaz
De tudo pra fazer gostoso o beijo
Numa umidade imensa e bem voraz.
Trazendo pra nós dois louco lampejo.

Descendo pela boca, no pescoço,
Depois vou passear pelos teus seios,
Abaixo da cintura é um colosso.

Num alvoroço intenso sem receios,
Após eu me encantar com a virilha,
Chegar ao ponto mágico, tua ilha...
Marcos Loures


5212

Do barro inerme, surge a poesia
Em toda magnitude, feita amor,
Nas mãos deste absoluto Criador
Que tanto desejou a amada cria.

Momento de suprema fantasia
Aonde com carinho de escultor
Com olhos de um sublime agricultor
Iluminou a Terra antes sombria.

Poeta magistral que assim, em glória
Do vazio transforma toda a história,
Ao ver que a criatura, agora avança

Temerária qual fera a Terra,
Sangrando este soneto a cada guerra,
Guardou no último verso; uma esperança!
Marcos Loures



213

Do amor que emoldurou em ti princesa
A tela mais sublime em gozo e glória,
O corpo se entregando em sobremesa,
Mudando o torpe rumo desta história.

Mergulho no teu colo, esta vontade
De ter o teu amor bem junto a mim,
Razão de poder ter felicidade,
Num sonho que não pode ter mais fim,

Tu tens este poder de seduzir
Deixando-me à feição que tu quiseres
Sem nada na verdade pra impedir
Este banquete é feito em mil talheres.

Adentro em perfeição novos caminhos
Pensando nos teus beijos e carinhos...
Marcos Loures


214

Do amor que em poesia, a vida trilha
Recolho cada brilho extasiado.
A vida sem te ter perdendo a quilha
Naufraga nos meus erros do passado.

De tudo o que eu sonhara há tanto tempo
O amor me permitiu realizar
Vencendo qualquer medo ou contratempo
Ultrapassando a praia invado o mar.

O norte tantas vezes tão distante
Sem bússolas, perdida, a minha nau,
Porém um timoneiro triunfante
Ancora neste porto sensual

E se farta de toda imensidade
Vivendo em plena luz, felicidade...
Marcos Loures


215


Do amor que nos emprenha de prazer
Deixando a solidão audaz tão só,
O canto quando encanta deixa ver
Distante nesta estrada, todo o pó.

Um coração que fora solitário
Ao ter tanto carinho se refaz.
Do quanto o medo foi autoritário
Amor se fez presente e mais capaz.

A paz que ele professa se espalhando
Em todos os momentos, já permite
Viver além de tudo sempre e quando
Um mundo sem fronteias ou limite

A lua derramando argênteo tom
Fazendo rebrilhar um sonho bom.
Marcos Loures



216

Do amor que me domina, simples presa
Que tenta disfarçar em novas cores,
Recebo de teus olhos tal beleza
Emoldurando assim jardins e flores,

A vida vai levada em correnteza,
Deixando para trás os dissabores,
Na senda divinal, dois sonhadores
Que tentam se afastar de uma tristeza.

O sol que na manhã cedo fulgura,
Matando as madrugadas ledas, frias.
No toque sensual doce ternura,

As mãos se percorrendo, fantasias,
Tomados pelo encanto da brandura,
O dia traz o sonho por moldura...



217

Do amor que enfim se aflora no meu peito
Cevado com carinho em bela lavra,
Deixando-me deveras satisfeito
Em forma de desejo e na palavra

Que mostra em um momento raro sol
Brilhando em negra noite sem estrelas,
Seguindo estrela guia, meu farol,
Eu posso, simplesmente concebê-las.

Um beduíno encontra em sua tenda
Amor em odalisca mais bonita,
Encanto se transforma em bela lenda
E um coração em chamas já se agita

E vibra a campesina sensação
Da vida que é refeita em cada grão...



218

Do amor que enfim se aflora no meu peito
Cevado com carinho em bela lavra,
Deixando-me deveras satisfeito
Em forma de desejo e na palavra

Que mostra em um momento raro sol
Brilhando em negra noite sem estrelas,
Seguindo estrela guia, meu farol,
Eu posso, simplesmente concebê-las.

Um beduíno encontra em sua tenda
Amor em odalisca mais bonita,
Encanto se transforma em bela lenda
E um coração em chamas já se agita

E vibra a campesina sensação
Da vida que é refeita em cada grão...
Marcos Loures


219

Do amor que a gente quer eu te garanto
Que nada impedirá qualquer desejo
Sabendo que encontrei tamanho encanto
Um dia mais bonito eu já prevejo.

Eu quero que este amor que é tanto, tanto
Resuma todo o sonho que eu almejo
Vivendo esta emoção sem ter quebranto
Teremos muito além de um relampejo.

Por este sentimento, amada eu velo,
O amor é vencedor deste duelo
No qual quem cedo ganha é revoltado.

Encontro a poesia que me trazes
Na lua que mudando suas fases
Mantém o nosso céu iluminado.
Marcos Loures


5220


Do amor eu teço, agora, cada veste,
Queimando o que já fora uma mortalha,
De todo este prazer que tu me deste
As armas para a luta, vil batalha.

Atento a cada passo, vou em frente;
Sem nada que me prenda, solto o sonho,
Preciso que tu saibas claramente
O quanto que te quero e já proponho.

Vencer as mais difíceis cordilheiras
Levado pelas mãos da fantasia.
As almas prosseguindo são romeiras
Bebendo a fonte rara da alegria.

Na visceral vontade de te ter
O quanto é necessário o bem querer.
Marcos Loures


221

Do amor em turbulência, relampejos,
Formando ao mesmo instante a tempestade.
Sem rumo, vou entregue aos teus desejos,
Esqueço de mim mesmo e, na verdade

Os sofrimentos chegam e sobejos
Impedem que se tenha a claridade,
Momentos mais felizes são lampejos
O amor já não traduz tranqüilidade.

Percebo que a tormenta se aproxima,
Deixando em polvorosa o coração
Que segue sem saber da direção

A ser tomada pela nossa estima.
Destino que sonhei segue em aberto,
A chuva torna fértil meu deserto?

Marcos Loures



222

Do amor em plenitude, eu sou amante,
Caminho sem ter dúvida esta estrada
Que segue sem temores para diante,
E forte no meu peito sempre brada,

Mostrando uma alegria a cada instante,
E a vida já trazendo iluminada.
Embora tantas vezes inconstante
Sem ter amor a vida vale nada.

O canto deste amor me contagia,
Clareia em luz intensa cada dia
Numa emoção completa e mais perfeita.

Meu peito enamorado te procura,
Encontra enfim teu rastro em noite escura
E a lua enamorada assim se deita...
Marcos Loures



223

Do Amor em plenitude que proponho,
Eu quero usufruir a cada dia,
Se nele eu posso ver o que eu queria
É realização de antigo sonho.

Quem tanto, ultimamente, foi tristonho
Merece pelo menos a alegria
Que é dada com certeza na alquimia
Do jogo que contigo, ora componho.

Nas torres mais sublimes, catedrais
Erguidas com esmero e precisão,
Amor emite logo os seus sinais.

Quem ama, decifrando estes enigmas
Arranca do passado seus estigmas
Encontrando afinal, libertação...
Marcos Loures


224

Do alpiste da esperança o meu repasto
Por vezes só causou a decepção.
Carrasco deste sonho, sem senão
O tempo em versos tolos se faz gasto.

Não tendo mais sequer algum emplasto
Ferida se transforma. Vejo o não,
E dele vou fazendo o meu refrão,
Matando o coração, outrora casto.

Eu vejo o teu sorriso de ironia,
E nele desfiando a poesia
Novelos de discórdias e temores.

Revolvo o meu passado e nada vejo
Senão o pesadelo de um desejo
Herdeiro das mentiras, dissabores...
Marcos Loures


225



Do alpendre dos meus sonhos vejo a vida
Diáfana expressão tão instigante,
Por vezes dolorida ou fascinante
No carrossel que gira em gozo e lida.

Aprendo a conceber a despedida
Vivendo a fantasia de um instante,
Microscopicamente ou qual gigante
Na luta por vencer ou já perdida.

Refém do meu anseio, medo e dúvida,
Uma alma muitas vezes tola e lúcida
Cumprindo cada etapa sem sentir.

Mergulho dos umbrais dos meus castelos,
Vou ceifando ou lavrando e meus rastelos
Jamais sabem dos frutos do porvir...


226


Dizias desta voz em desafino,
Perdoe o meu ouvido anda entupido,
O peito pelas traças carcomido
Herdou de cada sonho, o desatino.

Se eu vasto ou se pequeno, não domino
Sequer eu adivinho este estampido,
Tem algo com suspiro e com gemido,
Mas cá pra nós deixei de ser menino.

Pergunto a quem já foi se quer voltar,
O espelho não me diz de céu e mar
Apenas desta ruga que não deixo.

O beijo não vingou; somente o soco,
Marcando num momento de sufoco
Quebrando o meu nariz, cortando o queixo...


227

Dizia Jorge Ben sobre um surfista
Que pobre solitário e sem ninguém,
Sabia decifrar sinal que vem
Da noite enluarada. Não desista.

A vida de quem ama é de um artista
Que aguarda na estação pegar um trem
Depois de perceber que nada tem,
Não compra mais à prazo. Só à vista.

Na dança das cadeiras, restou um.
Fui eu que, por perder o foco e o zoom
Fiquei feito pateta nesta espera.

Amiga tua dor me causa espanto,
Banho de arruda quebra este quebranto
Vá logo antes que acabe a primavera!
Marcos Loures


228

Do amor que em perfeição, divino rito
Eterno reviver de uma esperança
No quanto em nosso amor eu acredito
Expresso a cada verso, temperança;

Disperso. Tantas vezes caminhei
Universos distantes, mar imenso.
Agora que em teus sonhos mergulhei
A cada novo dia eu me convenço

Que enfim, depois de tanto agora eu tenho
Um mundo mais pacífico e sincero,
Estrelas no meu peito, eu já contenho,
Sabendo perceber o que mais quero.

A sorte de viver se bendizia
Querida, neste amor com maestria


229

Do amor que em amizade transbordou,
Eu sinto uma harmonia benfazeja,
De toda a paz que em vida se deseja,
Apenas quem amou já conquistou.

Amor em amizade ele ensinou
Trazendo o bem sublime que se almeja
Perdão que tantas vezes demonstrou,
Vontade soberana que assim seja.

Os cânticos divinos de louvor,
O riso bem mais franco da criança
Uma alma é bem feliz se for mais mansa

Entregue, sem limites ao amor.
Pois, Oxalá, Jesus, Brahma ou Tupã
Espalha sobre nós bela manhã.
Marcos Loures


5230

Do amor que assim me dás, amor eu gero
Perpetuando o moto mais sensível.
A vida se apurando com esmero
Proporcionando um gozo tão incrível.

Passível de vencer qualquer porteira
Ateia fogaréus em cataclismos.
Além da insensatez já corriqueira
Mergulha sem temores, mil abismos.

Parceiros em dueto; nada cala
A voz que amor emana em poesia.
A maciez que agora nos embala
Pressente em mansidão um novo dia.

Meu último suspiro num soneto
A ti dedicarei, eu te prometo!


231


Do amor que agora trago, de verdade,
Espalho os seus sinais no mundo afora,
O quanto a nossa sorte revigora
A paz que renasceu, tranqüilidade.

Não quero mais saber de ter saudade,
Deixando uma tristeza já de fora
Percebo que serei feliz agora
Colhendo finalmente a liberdade.,

Sou teu e cada vez mais me convenço
Do quanto descobri tesouro imenso
Nos braços da mulher que eu encontrei.

Singrando os oceanos da paixão,
Um timoneiro encontra a direção
Fazendo da alegria a sua lei.



232

Do amor que a liberdade em versos clamo,
Ocupo o pensamento o tempo inteiro,
É planta que concebo pelo ramo,
Eu amo o teu amor alvissareiro.

Liberto o sentimento e não reclamo,
Pois sei quanto quiseste este janeiro.
Ao ter-te novamente, sempre tramo
Amor que desejei mais verdadeiro...

O amor que sempre canto é todo teu,
A pena mais cruel é a saudade...
Meu coração insano, pois ateu,

Deixou de ser incréu, te conhecendo,
Amor que trouxe o mel da liberdade,
Sentidos mais diversos, percorrendo...



233

Dizendo desta senda de onde eu vim
A voz em alegrias já me ampara
Sentindo o teu respiro junto a mim
Em noite preciosa e sei tão rara,

Percebo esta alegria e vou assim,
Buscando no teu corpo a luz mais clara.
Amor que nos guiando até o fim,
Em versos e desejos se declara,

Percebe quanto é duro ter ciúme,
Espinho que disfarça um bom perfume,
Negando os nossos velhos, mansos credos.

Mas quem em confiança tece a teia
Prefere imaginar a lua cheia
Deixando para trás antigos medos...
Marcos Loures



234


Dizem que esta distância matará
Amor que sei imenso, inesquecível...
Ao fim o nosso tempo chegará
Amor igual ao nosso, assim, incrível.

Todos os pensamentos são pra ti.
Cruzando tantos mares sem naufrágio.
Pois saiba meu amor que estou aqui,
Amor que é sempre forte e nunca frágil...

Estás dentro de mim, mesmo distante,
É tudo o que sonhei a vida inteira.
Por certo em tua luz tão deslumbrante
Encontro esta emoção mais verdadeira...

Não tema nem distância nem saudade,
Te juro meu amor é de verdade!


235

Dizem que a pedra é dura,
mais duro é o teu coração;
ela é dura, na verdade,
mas não faz ingratidão.


Quantas vezes busquei o teu amor
Entre ruas, estradas e caminhos...
Nada encontrei. Restando este temor
De jamais reviver os nossos ninhos...

Eu fui teu companheiro, teu amigo,
Mas logo me deixaste sem ninguém.
Quem dera reviver amor contigo,
Mas nada, nem à noite nunca vem...

Eu sou o que sobrou de quem amas-te,
Apenas um resquício que caminha,
O tempo e a solidão, tanto desgaste,
Pensar que em algum dia foste minha...

Mas resta uma esperança, uma ilusão,
A que tu reconheça ingratidão!

A trova é da região do Nordeste de Minas


236

Divino, sem limites, sedutor,
O canto que me trazes bem amada,
No encanto deste verso eu vou compor
Depois da dura lida, a bela estrada.

Renasce em meu canteiro a rara flor,
Espécie magistral feita em florada
De todo o raro encanto sou gestor
Minha alma se mostrando enamorada.

Anseio por teus seios tão sublimes
E quero que este amor tu sempre estimes,
Pois nele uma verdade transparece.

De ti cativo sigo a vida inteira,
Amor se torna enfim minha bandeira
Teu corpo catedral, canção e prece.
Marcos Loures


237

Divinas fantasias são as lavras
Aonde o puro Amor faz a colheita,
Revelações em forma de palavras,
Nossa alma se permite assim, refeita

Alçar os altos píncaros dos sonhos,
Andina cordilheira, alpinos montes,
Os versos se tornando mais risonhos,
Alvejam antes negros horizontes.

Paixões, altares mágicos de luz,
Aportam tresloucando e nos elevam.
Solares estações; amor conduz,
Constantes emoções que jamais nevam.

Nos fâneros, na tez, erotizados,
Cumes de emoções sendo alcançados...
Marcos Loures


38

Divinas explosões; doces e amenas
Espocam nesta noite maviosa
Aguçam dos vizinhos as antenas
E deixam toda a rua em polvorosa.

Felizes dois amantes, dança e festa
Melindres são deixados porta afora
O fogo que se espalha cedo atesta
Do quanto amor nos cura e revigora.

Chacoalha a nossa cama, arrasta os pés
Bagunça o meu coreto em reboliço.
O barco soçobrando o seu convés
Prenunciando o gozo que cobiço.

Atiro-me em teus braços, trapezista,
Sem ter seque platéia que me assista
Marcos Loures


239


Divina putaria que começa
Num sarro bem gostoso, minha língua
Lambendo o teu pescoço sem ter pressa,
Até te desnudar e em cunilíngua

Atiça e te excitando faz a festa,
A tua bucetinha bem melada,
Abrindo para mim divina fresta
Sugando o meu caralho, penetrada

Me xingas e me mordes, bem sacana
Cavalgas teu corcel e pedes mais,
Até que a porra invada a tua xana
Selando a maravilha em bacanais.

Comer o teu cuzinho, e esta buceta,
E tudo começou numa punheta...


5240

Divina a sensação de recebê-las,
Carícias que me encharcam de alegria,
Vibrando totalmente por contê-las
Tramando esta emoção, pura magia.
As noites prazerosas que revelas,
Permitem vislumbrar um claro dia.

Roçando a tua pele, devagar,
Beijando os seios fartos, rara glória
Invado e vou liberto por teu mar,
Sabendo que trarei nossa vitória,
Descubro em cada ilhota, onde ancorar
Mudando todo o rumo desta história.

Adentro teus caminhos, belas sendas,
Enquanto os meus segredos, sei, desvendas...
Marcos Loures



241

Diversos; os caminhos percorridos
Na busca de somente um beijo teu.
São chuvas, tempestades e alaridos,
Desterros que meu peito conheceu.

O amargo coração de um ledo ateu
Teimando em nossos lábios ter unidos
Num mágico e fantástico himeneu
Desígnios que eu sonhara enfim cumpridos

Vaguei por tantos mares, cordilheiras,
Abismos e soturnas madrugadas;
Além das fantasias costumeiras

As últimas senzalas e correntes,
Palavras finamente desenhadas
Marcadas por cinzéis agora crentes...



242

Dizer-te quanto quero estar contigo
Parece um pleonasmo, redundância...
Amor quando se faz em abundância
É tudo o que desejo e assim prossigo

Vencendo com vigor qualquer perigo,
Realizando os meus sonhos desde a infância.
Minha alma sem ter nada que ora canse-a
Caminha mais altiva em prol do abrigo.

E beijo a doce brisa que me trazes,
Amor fortalecendo nossas bases
Permite que se veja no horizonte

O sol em cujo lume se desponte
O dia que julgara inalcançável.
E agora sei tangível e tocável...
Marcos Loures



243

Dizendo, nos meus versos meu amor;
Cantando essa cantiga que não cansa.
Meus olhos rebrilhando em tal fulgor;
Tão longe, meu querer, por certo, alcança...

Eu quero te encontrar junto comigo,
No tempo que amanhece; no futuro...
É tudo, com certeza, o que persigo.
Amor que se criou com tanto apuro...

Meus versos são tristonhos sem te ter.
Apenas são gemidos e lamúrias.
Revolvo os universos. Te querer
Abranda um coração imerso em fúrias...

Amada, tanta coisa por falar...
Em todas as palavras, uma: amar!


244

Dizendo tão somente por que veio
Amor em nosso peito se deleita,
Vivendo sem destino e sem receio,
A gente se completa enquanto deita.

No quanto assim mergulho amor já sabe
E mostra toda a glória num segundo
Na vida de quem ama sempre cabe
O bem que se irradia pelo mundo.

Do jeito que vier, eu nada temo,
Estampo em meu sorriso, tal vitória
De todos os momentos, o supremo,
Transforma calmamente nossa história.

Assim, a cada dia, nova estrada
Expressa a noite imensa, enluarada


245

Dizendo ser possível, paraíso
Um tempo de sonhar bom e contente,
Amor é um moleque sem juízo
Que tantas vezes grita, impertinente.

Roçando em tua boca, o meu sorriso,
Prevê que a vida traga, novamente,
O mundo sem maldades, que enfim biso
Depois de tanto tempo, finalmente.

Sou teu e te desejo amada amante,
Na força deste amor, tão cativante
Mostrando toda a glória do querer.

Eu tenho esta certeza inabalável
Do amor em fantasia interminável
Tomando em alegria cada ser...
Marcos Loures


5246


Dizendo do que tive, neste trato
Esboço tantas vezes reações
Por vezes calmarias e explosões
Realço em meu caminho inútil fato.

Olhando o que se fez fiel retrato
As águas vão caindo aos borbotões,
As lágrimas expressam os perdões,
Na quebra tão comum de algum contrato.

Riscando de uma agenda tantos nomes,
No escuro do caminho logo somes
E escondes o que fora outrora trilho.

O tempo me ensinando a caminhar,
Permite que uma estrada eu possa achar,
Legando ao meu passando este empecilho.
Marcos Loures


247

Durante tanto tempo, amor guerreiro,
Tomando o coração fez suas leis,
De todos os que eu tive, amor primeiro,
Levando a mais total insensatez.

Nas tramas deste sonho feiticeiro
Perdendo a mais completa lucidez
Ainda estou sentindo o doce cheiro
Daquela que se foi, e assim se fez

Meu último desejo, meu suspiro,
Saudade me cortando como um tiro.
Não deixa que eu respire calmamente

Ardendo sem sequer um lenitivo,
Agora eu me percebo qual cativo
Na chama da saudade, de repente.
Marcos Loures


248


Durante tanto tempo procurei
Em meio a tantas cartas, o endereço
De quem torna mais bela a minha grei,
Por isso, fique aqui, amor eu peço.

Unidos pelo fogo da paixão
Que tanto nos aquece em noite fria,
No amor que é benfazejo, a redenção,
Formada pelo encanto em poesia.

Eu quero ser de ti, como um farol,
Embora saiba ter em ti tal brilho,
No fundo, sou apenas girassol,
Seguindo de teus olhos cada trilho.

Amar sem ter limites nem perguntas,
As almas gemelares andam juntas.



249

Durante tanto tempo indiferente,
Distante, quase mudo, o coração.
Da sorte nessa vida, bem descrente,
Com medo do que fora uma paixão.

Ao ver-te, tudo muda de repente,
Explode dentro em mim uma emoção.
Qual fora um forte sol, vivo e nascente.
A vida se entornou, satisfação...

Um brilho de esperança no horizonte,
Remoça minha vida, em mansa fonte,
Trazendo em teu sorriso, toda a graça.

Não sofra meu amor, querida amante,
Não deixo de querer-te um só instante.
A dor que agora sentes, logo passa...



5250

Durante tanto tempo imaginei
Que o mundo terminasse logo ali.
Tão distantes caminhos que deixei,
De tão grande esse mundo, me perdi.

Pessoas que julgava que existiam
Por trás do grande mar ou da montanha.
Decerto meus caminhos não veriam,
Embora uma vontade assaz tamanha.

Percebo como é bom poder te ter
Amiga que talvez eu nunca veja.
Minha alma emocionada sabe haver
A beleza de outra alma que deseja.

Existimos, portanto isso é real,
Embora, ouça dizer: É virtual!



251


Durante tanto tempo imaginara
Um templo onde pudesse em rica prece
Fazer com que este canto que perece
Ainda permitisse a voz mais clara.

Cenário que ora vejo desampara
E apenas o vazio se oferece,
A flor que solitária, enfim, fenece,
Fornece para o mel, essência amara.

As hastes sem bandeiras nada dizem,
Agrisalhadas vozes negam ecos.
As sanhas se perdendo em ermos becos,

Sem as cores sublimes que o matizem
O céu se torna cinza e vai sem brilho
Tornando inútil prado que ora trilho...


252

Durante tanto tempo eu Te neguei,
Pensando ser possível ser feliz
Distante dos Teus passos, Tua lei
São erros de um estúpido aprendiz.

Decerto em descaminhos eu sangrei,
Tentando ver a luz num céu mais gris,
Porém quem foi na vida Rabi, Rei
Traduz em humildade o que eu mais quis.

Viver a plenitude de um Amor
Que traz a quem se perde Luz e Cor
Fazendo da alegria, eterna prece.

Minha alma tanta vez em rebeldia
Agora em Glória e Paz, santa harmonia,
Te pede mil perdões e Te agradece!
Marcos Loures



253

Durante tanto tempo eu te chamei
Usando subterfúgios, mas não vinhas,
As minha noites foram tão sozinhas
Tornando bem mais grises minha grei...

Castelos da ilusão.... Quis ser teu rei,
Desejos e vontades todas minhas...
Porém em seca, mortas tantas vinhas
Apenas o vazio eu encontrei...

Carrego já comigo há tantos dias,
O amor que tanto eu quis, mas tu fugias,
Esquivando-se de olhos sonhadores

Que miram cada passo que tu dás,
Há tempos esperança tola jaz
Buscando em teu olhar, seus refletores...
Marcos Loures



254

Durma em paz, amada
Que o sonho virá
A alma sossegada
Sabe desde já

Tanto medo enfada,
A fada dirá
Na noite estrelada
O amor brilhará

Neve do passado
Marcas de um inverno...
Estou ao teu lado

Durma em paz, querida,
Vento manso e terno,
Muda a nossa vida...
Marcos Loures



255


Duras as leis do amor e da amizade,
Apenas as consigo adivinhar
Sei que elas não permitem claridade
Ofuscam cada verso que eu cantar.

Meus lábios quando osculam os teus lábios
Convidam para a noite em bom festim,
Segredos dos amores, toscos... Sábios?
Impedem que tu venhas para mim...

Mas, entretanto, quando me desejas,
Eu sirvo-te, cativo deste encanto.
E qual u’a fera louca tu me beijas
Deixando por completo o manso manto.

Quem dera descobrir esses mistérios
Que tecem neste amor, vários critérios...



256

Durante uma balada eu conheci
A moça mais bonita do pedaço,
Aos poucos, de repente eu descobri
Pegadas desta deusa, cada passo.

Chegando num momento, estou aqui.
No verso sem ter nexo que hoje eu faço
Falando do que sinto- amor- por ti,
Pedindo tão somente beijo, abraço.

Botei anúncios tolos nos jornais,
Notícias? Não mais tive, o que fazer?
Somente me lembrar e querer bis

Mas mesmo que eu não veja nunca mais,
Aquele minutinho de prazer
Bastou para dizer: eu fui feliz!


257

Durante todo o tempo, imaginava
Um dia mais feliz que nunca vinha,
Na dura caminhada, vã, sozinha,
O amor se demonstrara como trava.

Porém quando em teus braços, ardor, lava,
Minha alma da alegria se avizinha,
Saber que no final serás só minha
Trazendo em tuas mãos o que eu sonhava.

Cerzindo em esperança cada verso,
Recolho o que sobrou, antes disperso
Refaço a fantasia dos retalhos

Do que no meu passado foi alguém.
Agora que ilusão, aos poucos vem,
Nos solos dos meus sonhos, assoalhos...


258


Durante toda a vida; minha amante
Capaz de revoltar um mar tão manso.
Descubro no seu corpo atroz remanso
Tornando a solidão bem fascinante.

Por mais que em avidez já se adiante
O tempo que jamais vivi, alcanço
A clara nebulosa que afianço
Se torna assim contígua e mais distante.

E mesmo sendo enfim paradoxal,
Nas tétricas imagens, fantasia.
Palavras que carrego em meu bornal

Soando em formas várias, sem sentido,
Buril que ao lapidar carinho e agrido,
Esculpindo do nada a poesia...



259

Durante muitos anos, conta a lenda
Uma índia delicada e mais faceira,
Ao fugir lá da aldeia, encontra a tenda
De um homem se fazendo companheira

Amante tresloucada, que desvenda
A sorte da paixão mais verdadeira,
Que acende em qualquer peito uma fogueira.
De nua se cobriu em seda e renda

Ficando bem mais bela, em mil colares,
Beleza que tão logo já domina
E a fama se espalhando logo medra

Aquela que invejosa, fez de altares
A cama do pajé, pai da menina,
Que em troca transformou menina em pedra.

LENDA DA PEDRA MENINA
REGIÃO DO CAPARAÓ...


5260


Durante muitos anos eu pensei
Ter como fosse um cais ou porto amigo
O colo desta serra em que entranhei
Amor deixando ali o meu umbigo

Às vezes quero crer que tanto errei
Pensando ter em paz, um claro abrigo.
Agora tão distante desta grei,
Visualizo ausência e desabrigo.

O trigo que plantei negando o pão
Esconde totalmente a podridão.
Enfim, nada terei deste lugar.

Apenas o vazio como herança
Arranco dos meus olhos tal lembrança
Olhando para frente, encontro o mar...
Marcos Loures



261

Durante muito tempo qual cometa
Errante que retorna; vai e vem,
Procuro inutilmente por alguém
Não me importando um erro que eu cometa

Rompantes; acumulo e perco a meta
Sem noites desfrutadas com meu bem,
Porém nem mesmo a ausência me contém;
O sonho sempre foi minha muleta

Vassalo das estúpidas estrelas,
Nem mesmo em céu mais claro posso vê-las,
Somente as adivinho e nada mais.

Sendo infortúnio antigo companheiro,
Fronteiras da loucura, enfim eu beiro
Meus versos são inúteis e banais...


262

Durante muito tempo eu tentei aprender
A conjugar o verbo amar, mas não podia
A noite na minha alma em lágrimas dizia
Que nada neste mundo exprime um bem querer.

Porém ao te saber, eu pude enfim rever
Conceitos que eu já tive em total agonia
Mal sabendo que amar é feito de alegria
Embora uma tristeza expresse o não poder

Estar contigo agora e te abraçar querida,
Mas vale sempre a pena o sonho que ele traz
Por isso é que te quero e isso me satisfaz;

Razão que justifica a nossa própria vida
Segredos que contém sua conjugação
Decerto só descobre a quem se dá a paixão...
Marcos Loures


263

Durante muito tempo eu procurei
A luz que me trouxesse a placidez
De um mundo onde o amor sem escassez
Pudesse dar o quanto eu já sonhei.

Em mares tão diversos naveguei,
Ao nada descobrir o amor desfez
Trazendo novamente a lucidez,
Eu digo que em verdade, enfim, cansei.

E quando eu já pensava estar perdido,
Sem lumes que pudessem me guiar,
Encontro, num segundo, o teu olhar

E vejo o velho sonho renascido.
Assim ao te seguir a vida afora,
A noite em farto brilho se decora...
Marcos Loures


264

Durante muito tempo acreditei
Poder te seduzir com belos versos.
Decerto, na verdade eu me enganei,
Vivemos em planetas tão diversos.

Se a luz deste luar eu já roubei,
Teus olhos se mostraram mais perversos,
No mar de tantos sonhos mergulhei,
Porém os meus sonetos vão dispersos.

Constelações em mares siderais,
Imagens que eu julgara magistrais,
Perdidas, vão vagando sempre ao léu.

Não canso de chamar tua atenção:
A cada novo intento, o mesmo não.
Que faço se não sei dançar o Créu?
Marcos Loures



265

Durante tanto tempo eu quis te ver
Entrando pela sala, devagar.
E assim quando vieste conhecer
Aquele que não cansa de sonhar

Vontade tive, até de enlouquecer
Perder-me em cada raio de luar
Num misto quase angústia com prazer
Senti a minha casa iluminar...

Meus braços estendidos te ofertei
Os olhos quase em lágrimas; mostrei.
Porém numa ironia me sorriste

Deixando minha casa, num instante.
E o sonho que eu pensara, triunfante,
Morreu neste segundo, só e triste...


266

Durante tanto tempo eu procurei
Apenas um remanso, tão somente,
No prazer sem sentido, uma semente
Que tolo, inutilmente, assim cevei,

Sabendo perecível esta grei
Por vezes disfarçado num demente
De tanto que se ilude, sempre mente
Castelos que criei; eu derrubei...

A plenitude é mais que simples gozo
Quem foge; no hedonismo nada tem.
O vazio depois tudo desdisse...

Na paz do Meu Senhor, toda a verdade,
A única e real felicidade,
O resto, companheiro é vã tolice...


267


Durante tanto tempo em minha vida
Pensara ser possível nova sorte.
Da estrada em pensamentos percorrida
Mudando num momento, rumo e Norte.

Encaro as tempestades sem guarida
Sem ter uma esperança por suporte.
A mão que me acarinha traz ferida
Aprofundando sempre cada corte.

Nascido nos sertões lá das Gerais,
Em meio aos mais temíveis vendavais,
Nas noites o luar por lampião

Os olhos procurando quem me queira,
Deixando a solidão, velha bandeira
Espero a luz imensa na amplidão...
Marcos Loures


268


Durante tanto tempo desejado
Caminho vislumbrado nos teus braços,
Ouvindo deste amor divino brado
Eu sigo em fantasia nossos passos.

Atravessando noites, madrugadas
Espero do teu lado o alvorecer
Usando nossos gozos com escadas
Encontro a maravilha no prazer

Adentro os oceanos mais temidos,
Velejo em calmarias tão constantes
Amores em sussurros e gemidos
Os pensamentos livres, galopantes

Sentindo este delírio costumeiro
Aporto no teu corpo o meu saveiro.
Marcos Loures


269



Durante tanto tempo a vida em treva,
Na frialdade imensa de um granito,
O passo que tentara já se entreva
E teima em não cumprir nem sina ou rito.

A sorte no meu peito faz a ceva
E mostra em teu olhar, meu infinito,
Amor que prometeste tão bonito,
À doce fantasia sempre leva...

Quem veio de outros dias mais atrozes,
Esquece dos seus medos tão ferozes,
Embarca os sonhos em luxúria e cio.

Entregue às sem limites sensações
De corpos em ferozes convulsões,
No paraíso em terra que desfio...


5270


Durante muitos meses me entreguei
À sórdida missão de um menestrel
Que faz do romantismo o seu papel
Tentando a fantasia ter por lei.

Em tanto pedregulho me espinhei,
Um beijo feito em coice do corcel,
Que aos poucos se apagando o fogaréu,
Romântico lirismo? Eu me estrepei!

Se o verso que hoje eu faço inda capenga
Não posso conceber tal lenga-lenga,
Chamando de meu louro este urubu.

Bonita poesia musicada
Repete esta canção apaixonada:
Diz no seu refrão: VÁ TOMAR NO CÚ!
Marcos Loures



271

Durante a vida inteira sem saber
Se um dia eu poderia ser feliz,
Do malmequer só pude receber
Notícias que quem ama nunca diz.

Cansado de somente conhecer,
Cada mulher que tive falsa, atriz,
Até que no final de tanto crer
Apaguei os meus sonhos, frágil giz.

Procurei pastor, padre, pai de santo
Fiz promessa subindo de joelhos
Os olhos tão tristonhos e vermelhos

Apenas tive em troca, desencanto,
Pensando que o amor foi pro vinagre,
No fim; quando eu te vi, fez seu milagre!
Marcos Loures



272


Durante a tempestade no deserto
Em meio ao temporal feito em areia,
Sob o sol implacável que incendeia,
É o que o meu coração vai mais desperto.

Sempre em dificuldades eu me alerto
Sabendo que terei na lua cheia
A placidez da chama que se ateia
No amor em amizade, peito aberto.

Que venham as procelas, vencerei
Fazendo de um Amor a minha lei,
Enfrento em calmaria o furacão

Usando como leme uma alegria,
Montado no corcel da fantasia
Mantendo sempre o rumo e a direção...
Marcos Loures




273


Durante a noite intensa que sonhara
A lua incandescente atrás dos montes,
Avermelhado sonho em que despontes
Fagulha de ilusão que assim me aclara.

A par desta beleza fina e rara,
Tentando vislumbrar tais horizontes
Usando de emoções, supremas fontes,
Alucinado brilho me antepara...

Mas sei que isso não passa de armadilha
Desta aguardente amarga que alma trilha,
Qual frágil mensageira da esperança...

E quando chegar enfim, o novo dia,
A luz que anteriormente me aquecia
Será tão simplesmente uma lembrança...



274

Durante a noite inteira eu quero ter
Teu corpo junto ao meu, delicioso,
Realce em luz sublime, o bem querer
Profana nossa cama em risco e gozo.

Penetro com firmeza, cada toca
E quero-te inteirinha para mim,
O amor que insanamente nos enfoca
Recende com delícias, vinho e gim.

Dançando nossa dança preferida,
Reféns deste desejo que não cessa.
Amor que nos tomando toda a vida
É mais do que talvez simples promessa.

Façamos o que temos de direito
Deixando para trás o preconceito...
Marcos Loures



275

Durante a noite inteira eu mergulhei
Na doce sensação que reproduz
Beleza sem igual, profana luz
Da Musa que em vermelho, procurei...

Quem dera em seus castelos ser o rei,
Um sonho em fantasia que propus,
Deixando para trás a amarga cruz
De quem fez da tristeza sua lei.

Dançando nos salões das esperanças
A festa recomeça a cada passo.
O amor acompanhando este compasso,

Teus pés divinalmente, quando tranças
Orquestram maravilhas, neste espelho
Reflete o Paraíso, ele é vermelho!


276

Durante a minha vida falsos guizos
Convites para festas da ilusão.
Às vezes obedeço alguns avisos
Porém na maioria, esqueço o não.

Abismos que cavei, sempre imprecisos
Metáforas servidas, vinho e pão.
Omissos sentimentos forjam risos
Do velho diabético o fardão.

Recolho cada parte que cortaste
E nada poderia dar prazer
Senão a solidão, doce contraste

Amiga tão serena e mais constante.
Expondo o que restou, tu podes ver
Percalços deste fútil, delirante...
Marcos Loures



277

Durante a minha vida eu percebi
Que os erros cometidos se repetem.
O mundo seja lá ou mesmo aqui
É feito de idiotas que competem...

É claro que é preciso maestria,
O tempo não perdoa quem se cala,
Porém a cada luz que eu percebia
Mais ofuscada estava minha sala.

Servir aos mais estúpidos prazeres,
Vencido pelo tal lugar comum,
Depois de tantos bens tu receberes
Verás que no final restou nenhum.

Somente o amor liberta, esteja certo,
Sem Deus e sem perdão? Resta o deserto...



278

Dulcíssima presença que me encanta
Daquela que se deu em noite mansa,
A voz da poesia vem e alcança,
Na força que se mostra intensa e tanta.

O amor que nos domina e me agiganta
Trazendo ao sonhador tal esperança
De vida mais tranqüila em temperança,
Por sobre as grises brumas se alevanta.

O olhar que se aproxima, rara conta,
Além de uma ilusão já se desponta
Tornando menos densa esta atmosfera.

Promessa de um belíssimo raiar
De sol que nos domina e, devagar,
Um novo amanhecer, sereno, gera...
Marcos Loures


279

Durante este sufoco que passamos,
Eu juro, aprenderei logo a nadar.
Enquanto em fantasia navegamos
Verdade vem depressa maltratar.

E quando tempestade provocamos,
Mergulho sem juízo em pleno mar.
Depois de certo tempo, quando amamos,
Eu sinto este desejo nos tomar.

Tremendo sem parar um só segundo,
De tantas fantasias eu me inundo
Pensando num orgasmo tão fantástico

Mas logo eu reparei, não foi bem isso,
Mulher que tanto quero e que cobiço
Estava tendo um forte ataque asmático....


5280


Caro Marcos venho dar-lhe as boas vindas
Sua ausência muito nos preocupou
Felizmente sua angústia está já, finda
Sua saúde está bem, tudo acabou

Os seus amigos aqui deste Recanto
Te aguardavam com bastante ansiedade
Pois já faziam falta os encantos
Dos teus sonetos, sua especialidade

Ao vê-los novamente aqui postados
Rendemos graças pelo seu retorno
Ao grande Deus, por ter sua vida preservado

Tu és bem vindo nobre amigo e poeta
Com seus sonetos preenchendo este entorno
De alegria, razão de, estarmos em festa.

COM CARINHO NATHANPOETA
16de abril de 2009

Durante alguns momentos eu pensei
Que inútil fora a minha caminhada
A noite que sonhei ser estrelada
Em névoas tão profundas encontrei.

Da morte; o seu semblante decifrei,
Julgara ter ausente outra alvorada,
De tudo o que busquei, somente o nada
Tomava no horizonte a minha grei.

Mas quando ouvi a voz do seresteiro
Chamando para a vida, eu percebi,
Toda esta maravilha que há em ti,

Meu grande camarada, companheiro.
Luzeiro que permite que se veja
O que minha alma sonha e mais deseja...



281


Durante alguns momentos eu julguei
Que tudo desabava em minha vida,
E quando vi a sorte, assim perdida,
O céu enegrecido em minha grei,

A luz de teu olhar, eu encontrei,
E nela, com certeza uma saída,
E dando a solidão já por vencida
Um tempo mais feliz, imaginei...

Por vezes não consigo acreditar
No tanto que foi bom, comigo, o Pai,
E mesmo quando a noite escura cai

Recebo esta magia num luar
E passo acreditar que sou feliz,
Contendo no meu braço o Amor que eu quis...


282

Dourando então a senda de onde eu vim
O amor ao qual querida me acostumas,
Vicejas bela rosa em meu jardim,
Florindo o meu caminho em que perfumas,

Vertendo o teu amor dentro de mim,
Adentro um mar imenso, alvas espumas,
Bebendo deste lábio carmesim,
Manhã alvorecendo perde as brumas

E vejo o sol imenso a me tocar,
Nos braços da mulher que eu quero amar
Vencendo em alegria, a madrugada.

Num novo alvorecer que assim se cria
Tomando o nosso céu plena magia,
Um sol iluminando a nossa estrada...
Marcos Loures



283

Dourando em harmonia as novas trilhas
Abrindo do passado os vãos sombrios.
As almas antes sós, vãs andarilhas
Feridas fatalmente nos seus brios

Recebem com alento um sonho bom
Aonde se percebe uma alegria
Mudando totalmente o velho tom
No qual a nossa sorte, enfim se urgia.

Surgia neste sonho em plena paz
O riso da esperança, uma ilusão,
Mostrando ser possível e capaz
Nas tramas de um amor, revolução!

Porém ao acordar e ver de perto,
Miragem volta a ser triste deserto...



284

Dourando ao sol teu corpo minha amada
Na pele bronzeada, meu desejo...
Vestida da nudez tão decorada,
Na boca carmesim, ânsia de beijo...

O sol lambendo as pernas; extasiado,
Os seios desnudados, belos montes...
O vento vai roçando sem pecado
Arrepiando todas belas fontes...

Ao ver tal maravilha; não disfarço,
Aos poucos me invadindo uma loucura.
Me enlevo em tal cenário, descompasso,
E beijo tua boca com ternura...

A tarde assim passando, sol e céu,
Me farto da delícia deste mel...



285


Dourando a madrugada em tal beleza,
Um sol em magnitude inebriante
Tomando a nossa noite num instante
Estende sua mão, açoda a presa.

Nas tramas deste amor, rara nobreza,
Trazendo um rumo em paz e mais constante.
Outrora a vida fora tão maçante
Agora, sinto a força em correnteza

Que emana das paixões ilimitadas.
A claridade espalha nas calçadas
Antecipando um dia inesquecível.

Esplêndidas grinaldas desfraldadas
Embora em sentimento perecível
Bandeiras da esperança desfraldadas...
Marcos Loures


286

Dourado que vendias, era cobre.
Não tive tanta sorte em minha vida,
Teu ar de soberana, sempre nobre
Escondia tão somente uma ferida.

Eu continuo alegre e mesmo pobre
Minha alma está lavada e bem curtida,
Prefiro uma aguardente em paz bebida
Do que um vinho caro que soçobre.

Acordo de manhã, lavando o rosto,
Sinal do que eu vivi ainda exposto
Demonstra que em verdade eu fui feliz.

Ao contrário daquela que se fez
Estúpida, boçal, sem lucidez,
Trazendo tão somente cores gris...
Marcos Loures


287

Douradas em loucura e maravilhas
Quebrando estas redomas do passado,
Não vejo em meu caminho mais as ilhas
Distantes deste mar novo e encantado.

A carapaça eu rompo com sorriso,
Tocado pelas mãos de uma amizade.
A cada novo dia mais eu friso
O quanto é necessária a liberdade

Que às vezes se mostrando tão distante
Parece-nos difícil de encontrar.
Enquanto um sol profuso e radiante
Expressa a fantasia em luz solar.

Sabendo e percebendo tal poder,
Na força da amizade eu passo a crer...
Marcos Loures



288


Dourada pelas mãos do bem-querer
A fantasia em paz nos decorando.
Dançando a noite inteira ao bel prazer
Erguemos nossos olhos flutuando.

Do cálice divino eu vou beber,
Na orgástica emoção se revelando
O quanto é fabuloso assim viver,
Desejos e carinhos inflamando

Deitando sobre nós farta alegria
O sol amanhecendo num bom dia
Permite que se veja sempre assim

Raríssima expressão de luz intensa
A marca da esperança é tão intensa
Dizendo desta senda de onde eu vim.
Marcos Loures


289

Dou nó em pingo d’água quando cismo
Em ter quem já se foi e não quer mais.
Se apenas vi restar algum abismo,
O barco não se esquece deste cais.

Não vou dizer que isto é proselitismo,
Tampouco ateio fogo aos milharais,
No amor não caberá mais egoísmo;
Paixões não são momentos vãos, banais.

Embananado sigo a procurar
A moça que partiu com o luar
Deixando apenas sombras, leves rastros.

Eu queimo na esperança de encontrar
E volto novamente a me encharcar
Nas luzes dos amores, fúteis astros...



5290

Dotô então pérdoe esse imbecil
Nascido no sertão lá da Gerais.
O má, que estes meus óio nunca viu
Decérto é muito belo, até dimais.

Criado ao deus-dará, eu sô um bixo,
Bebeno água da mina, sem tratá,
Cumeno o que restô sô quage lixo,
Na terra cumpricada di prantá.

Num aprindi falá cumo os dotô,
Meus versu di impruviso uma bobage,
Só falam do que vi na paisage

Coiendo, as isperança cumo frô
Mais Deus qui deu o sór sem tê bestage
Prantô no coração, perdão e amô!
Marcos Loures


291


Duetos em momentos mais diversos
Versando sobre sonhos, seios, sanhas,
Vencendo as cordilheiras e as montanhas
Vagando tão solícito, universos.

Às vezes são malditos ou perversos,
Em outras delicados, doces manhas,
Enquanto em poesia tu me ganhas
Os olhos da esperança vão dispersos.

Revejo o que sonhei dentro de ti,
Amar o quanto posso e muito além,
Por vezes se a saudade insiste e vem,

Eu tento resgatar o que perdi,
Agarro tuas mãos e num bolero,
Desfilo no infinito, o que mais quero...
Marcos Loures


292

Duas cruzes cravadas no meu peito.
Amores que jamais esquecerei!
Não tenho nem temi, nem peço o jeito,
Nas ondas do remanso fui teu rei!

Teu vestido dourado está desfeito,
Não quero um madrigal porque já sei,
Teus dentes vão cravados... Fino, estreito
O mundo que levavas , mas roubei!

Terei nos meus fantasmas, fantasias...
Farturas e faturas prá pagar
Fraturas, suas curas, infelizes...

Um gosto amargo, trouxe velhos dias,
Um pôster representa esse luar
As bocas que sangrei... Das meretrizes
Marcos Loures



293

Dourando o acinzentado dos passados
Deitando sobre nós os belos sóis,
Trazendo em teus cabelos caracóis
Brilhantes diamantes derramados.

Nos tons destes mares azulados,
Não quero que sejamos quais atóis.
Colhendo de teus olhos meus faróis
Caminhos tão diversos vislumbrados.

Eu quero e necessito desta luz,
Que aos poucos me domina e me conduz
Ao manto constelar de raro brilho.

Vivendo cada dia mais feliz,
Eu tenho e já recolho o que bem quis,
Calando o coração tão andarilho...
Marcos Loures


294

Dourando nossa vida em amor pleno
Tesouros que encontrei; nosso caminho.
Antídoto perfeito pro veneno
Exposto em cada curva, cada espinho.
O resto de meus dias; vou sereno,
Bebendo do teu corpo o doce vinho.

Carpira por momentos mais diversos,
A vida se mostrando em sortilégios.
Os dias que se foram mais perversos,
Negando para a sorte, os privilégios
Agora a mansidão invade os versos
Em cantos mais suavas, finos, régios.

Não vejo outra saída, nem pretendo,
Nos braços deste sonho, eu vou vivendo...
Marcos Loures



295

Dos sonhos nada resta, nem o dia.
Creria em algum rito se inda houvesse
O olhar emoldurando a mesma prece
Estampa a madrugada amarga e fria.

Enquanto o coração te fantasia
O amor que tanto quis, a vida esquece
Por mais que na alvorada recomece
Não pude mais conter esta sangria.

Jogado sobre as pedras, sentimento,
Espinhos vão formando esta coroa
A voz que do passado inda ressoa

Trazida vez em quando pelo vento
Dizendo do que outrora foi teu sonho,
Matando a poesia que componho...


296

Dos seios vou fazendo o doce ninho
Selando com ternura o nosso caso.
O amor que desconhece frio, ocaso,
Invade o coração, vem de mansinho.

Liberta o sentimento, passarinho
Não sabe respeitar horário ou prazo
E tanto quanto o quero já me aprazo,
Sereno passageiro aqui me alinho

Traçando o meu futuro junto a ti,
Veredas tão fantásticas vislumbro,
Enquanto nos teus raios eu me alumbro

Após a primavera eu conheci
Florada de alegria e de esperança
Que em plena poesia enfim me alcança...
Marcos Loures



297


Dos versos que sem pé fazem cabeça
Tropeços são perfeitas expressões,
Em cristalinas águas, a promessa
Deserta as mais sublimes emoções.

Se a luz em desengano foi caprina,
No fundo não tem graça nem beleza,
Eu quero o colo manso da menina.
O resto que virá, não tem surpresa.

Mas cabra quando berra, em seu ruído
Arruinando a pobre poesia
Vestindo este casaco tão puído
Não sabe discernir se é noite ou dia.

Apenas de orelhada e sem talento,
Vociferando asneiras, pobre vento...
Marcos Loures



298

Dos versos que em loucuras tu compunhas
Diversas fantasias e sonetos,
Nos corpos que se lanham; dentes, unhas,
Nas peles parcerias e duetos.

Riscando o teto estrelas multicores,
Aéreas borboletas vão libertas,
Na cama fecundando belas flores,
As janelas e a porta estão abertas.

Milhares de crisálidas preparam
O amanhecer supremo da esperança.
Enquanto as maravilhas se declaram,
Performática e rara nossa dança.

Embalos repetidos não nos cansam,
Apenas recomeçam sempre avançam.
Marcos Loures


299

Dos velhos botequins da antiga Lapa,
O cálice dos sonhos se explodiu,
Espatifado gozo, o que se viu
Nem mesmo a lua imensa ainda escapa.

Invés de teu carinho, soco e tapa,
Amor vai preparando torpe ardil
E o quase se tornando bem mais vil,
Matando uma ilusão, some do mapa.

Fronteira entre loucura e sanidade,
Abrindo esta janela, a liberdade
Estende o seu tapete, e morre pálida

E quando o tempo diz do novo sol,
A chuva vai tomando este arrebol,
Negando qualquer chance de crisálida...


5300


Dos sonhos, dos amores; catedrais!
Altares de ilusões, templos senis.
Recebo as tempestades ancestrais
E finjo qual em guizo, ser feliz.

Mortalhas que me deste, peço mais,
Dos cânceres floridos quero o bis.
Emergindo do nada invado o cais
E lambo tuas pústulas gentis.

Nos gládios e nas foices riso e tento.
Na cama cada ogiva em explosão
Verter a fantasia ainda tento

Mas nada além dos templos enganosos.
O lábio congelado em podridão
Gargalhas inclemente nossos gozos...
 
Autor
MARCOSLOURES
 
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