Descobri outro dia
que em qualquer lugar que fosse
lugar qualquer que ia
quando sentia aquele baita sono
o chinês ia lá e dormia
Ele dorme em todo tipo de coisa e lugar
não precisa nem arrumar um canto
uma cama, um chão
nem precisa deitar
se recosta numa árvore
se apoia numa banco, num cão
e dorme tranquilo, sem medo
sem pressa de acordar
Até a bicicleta que o transporta
pra todo lugar
se tranforma num quarto negro
quando cansa de pedalar
e pedalando ele vai no sono
percorrendo as avenidas de um sonho
contornando o trânsito diário
do trabalho,
das contas, dos desejos, despejos, incertezas, ideais
dogmas, leis, morais,
filhos, pais,
mandarins, feng-shuis, dragões,
revoluções, paz,
terremotos, tsunamis, furacões,
talharins, fome, doenças,
morte,
vida
E quando ele acorda
ainda é dia
Made in ABC-SP, reporteiro, poemista, barfly, marginal do audiovisual, amante das artes em geral.
@reporteiro