de choro embotado em lágrima
feito ferida estancada em sangue
ardem os olhos em brasa
impedindo que eu os arranque
veio súbita como a morte
a chama fez do corpo um abrigo
não quero que ninguém se importe
só a sombra queimará comigo
quero uma cerveja gelada
mas não tem ninguém pra servir
há cura melhor que a ressaca
para um mal que só se pode sentir?
nada sai ileso da espada e dos braços
desse anjo sereno que veio
restam apenas os pedaços
de um amor quebrado ao meio
desilusão é tijolo duro
o ego cimenta a angústia
ergo em mim mesmo um muro
recalcado de lamúria
o corpo é o carvão da alma
que o consome em gozo nas piras
de luxúria, paixão e do nada
o coração se afoga nas cinzas
Made in ABC-SP, reporteiro, poemista, barfly, marginal do audiovisual, amante das artes em geral.
@reporteiro