Dias tão frios
Infelicidade tamanha
Antes o espelho disse que era bonito
E agora diz me odeia.
Para onde foi a beleza?
O calor daquele verão?
Queria a imortalidade
E agora quero caixão.
Para onde está a lindeza
Que inundava meus olhos?
Para onde foi a certeza
Que perseguia os nossos amores.
As cumplicidades já foram
Talvez ainda voltam.
Mas agora sinto-me feio
Sinto que a beleza se esgota.
Já não vejo
Os pássaros
Aquelas alegres andorinhas
Perderam-se as flores
Que diziam que eram minhas.
Partiram as ilusões
Que eu tinha ao cantar.
Antes queria viver longe
E agora quero-me matar.
Ai, esta ânsia em meu poder
Este cansaço, desvairando a morte
Onde está a esperança?
Do fio da minha sorte?
Sinto remorsos ao me rir
Ao chorar, fico sem vontade
Estarei eu perto do fim?
Ai, do fim da minha mocidade?
Pedro Carregal