Pessoa ainda não morreu
Almada ainda não morreu
mas aquele que finjio e não viveu
por não acreditar no sonho, morreu.
Pessoa tinha um império
Almada uma catedral
e o homem de hoje
não sabe de onde surge
e acordar é ficar sempre mediocre, viver
sempre fraco e morrer sempre igual.
Pessoa não tinha nenhuma pátria
Almada nenhuma belesa enaltecia
masa agora os que tem voz
ficam herois em causas vazias.
Pessoa não tinha filosofia
Almada tinha contradição
e houve outro que cantou sublime
o amor de um país infeliz e bruto
esse crime de se ter fome e não
se saber a sabedoria desse enorme pão
da nossa alma em viagem, poesia
onde a coragem não fica mais nos livros.
Pessoa ainda não morreu
Salazar quem dera
Bocage é essa comédia
o riso que falta aos que usam a moeda
valor com que se compra a pátria merda.
Pessoa ainda não morreu
Botto tinha aquela mania
e Eugenio outra mania tinha
e cada qual essa parte sensual
de uma bandeira pénis que se levanta, essa pátria
orgasmo que da lusitana feira apregoa
o nacional e ridiculo pasmo.
Pessoa era muitos
Flobela era só
e Sebastião foi o rei menino
de uma nação pó.
Pessoa, Almada
o Gama e as Indias
ainda a madrugada
dos mares navegados em nada.
Grandes talvez
neste nosso passado
desenhado em circulo.
Pessoa podes morrer
Almada podes tentar.
Ainda falta acordar portugal.
lobo 010