Vidas destroçadas e recuperadas - Parte 1
Quero narrar aqui o que escutei como lição de vida, caminhos mal percorridos e não vai ser fácil, pois entre lágrimas que eu verti, escutando-os nas minhas visitas do meu tempo livre.
Aqui vamos ver um mundo diferente, em que muitos fecham os olhos e tentam ignorar até nas suas próprias vidas e famílias.
São vidas destroçadas e que com a graça divina elas foram recuperadas pela força de vontade de quem aqui vamos falar.
Um a um falaram coisas que magoaram dentro do peito, lentamente as lagrimas corriam, disfarçadas. Seus rostos contraiam de tirar dentro do seu peito o que mais os magoava, mas guerreiros e seguros eles seguiam o seu dever de ajuda mutua.
Escutei um senhor já de idade avançada, de rosto triste, sem brilho nos olhos, seu corpo já debilitado e cheio de seqüelas dos erros passados.
- Minha vida foi tenebrosa, com a idade de adolescente eu já bebia, bebia tanto que me perdi pela vida, deixei minha família, passei a viver na rua pois não tinha raciocínio para voltar tal era a minha bebedeira, entre amigos que eu tinha, amigos que partilhavam comigo esta vida, eu sentia que era o meu mundo e não satisfeito eu experimentei as drogas, ai afundei de novo.
Mochilas nas costas, tornaram-me num andarilho, trabalhava sim para poder consumir e habituei a pedir, dormia pelas calçadas, sujo, sem brio, roto até, não tinha objetivos de vida os meus eram bebida e fumar crak maconha , usar cocaina .
A minha dignidade foi tão destruída que foi feito escravo durante dez anos em uma fazenda a trabalhar, o que eu ganhava não chegava para o vinho que eu bebia e ficava sem saber como voltar para a minha família. Perdi tudo que tinha endereços, minha honra e moral, consegui sair de lá e voltei a ser escravo da bebida, caído ora aqui e ali, eu trabalhava para o álcool dia a dia quando estava bem e não jogado em uma sarjeta ao frio onde hoje sofro as conseqüências no meu corpo.
Consegui voltar a minha família, recuperam-me um pouco, foi fazer recuperação, lá só se falava de Deus e orava, como não prendiam ninguém logo me fartei e pedi para sair. Foram somente 21 dias que estive sóbrio, peguei na minha roupa e sai de encontro à rodoviária para embarcar para casa.
Vi um colega no chão já bêbedo, dei dinheiro e pedi, colega vai buscar vinho que estou com sede, há mais de 20 dias e quero recuperar o tempo perdido. Fiquei bêbedo durante uma semana sem saber quem era e começou tudo de novo e onde era, depois levaram para um albergue, onde podia ter alguma dignidade mas a bebida e os vícios não faltavam ali e fiquei mais tempo aprisionado ali sem dar noticias a família.
Neste tempo de vida anos perdidos, trinta anos somente, eu nunca dei amor, os esqueci a troco de uma garrafa, de um vicio, de amigos falsos e doentes quanto eu.
Hoje estou sóbrio, doente, tenho o lado direito paralisado do meu corpo, ando com ajuda de amigos do bem que gentilmente auxiliam, mas perdi a melhor parte de minha vida e encontrei ajuda divina aqui na terra e lá em cima senão já estaria dentro de uma cova fazendo parte dos muitos colegas do vinho que já lá estão .
Hoje eu venço, em cada dia eu evito a primeira golada, sou vencedor, diria que ninguém sabe o quanto sofri e fiz sofrer mas permaneço vigilante e atento.
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Ninguém consegue imaginar a dor, a vergonha, o pavor que este herói sentia, no seu olhar triste e apagado pela vida sofrida, claro que ele, tem a noção que foi a sua escolha, seu caminho.
Perdoar alguém assim não deve ser fácil, quantas lágrimas foram derramadas em cada copo bebido, aqui temos que ver os dois lados. Olhar a razão que possa ter aquele que se perdeu e olhar a sua família. Assim podemos olhar com outros olhos o mundo de alguém que errou, caminhou pelo caminho mais obscuro e sombrio, repleto de desamor, onde o conforto era uma garrafa tida como fiel companheira e amiga.
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