Quando fostes e o vento calou-se em meu ser
E eu ouvia lá fora teus gritos de adeus
Calou-se também a minha voz embargada
Calaram as praças, os rios
E nem mais os gritos no edifício ao lado se ouvia
Apenas tua boca
Balbuciando um mentiroso e cético "amor"
Que se misturava com o brando calor da tarde
O sol estava em mais um processo maquinal
Anunciando a noite fria e só que estava por vir
E eu ali, acenando para a minha própria tristeza
Quando te fostes e a noite já havia caído
O silêncio tornou-se ensurdecedor e mudo
Nem as aves pousavam mais na cerquinha velha
E nem havia mais café na mesa
E tudo era vazio
E eu percebi que já fazias parte de mim
Que tu já era a essência que me adormecia
E sem ela eu vagueio de insônia pelas noites
Silencioso e recordando cada movimento teu
Percebi que gostava do teu cheiro
E que era porque estavas ali que eu era feliz...
Tudo isso eu percebi meu bem,
Mas apenas quando fostes embora.