Era tarde da noite. Passei e vi aquele homem sentado no chão, em frente à loja fechada, sob a marquise.
Estava muito escuro, mas dava para ver aquela silhueta que gesticulava desordenadamente, como se falasse algo ou conversasse com alguém invisível.
Por causa do adiantado das horas, algumas poucas pessoas passavam e para ele olhavam desconfiadas ou espantadas, diante daqueles estranhos trejeitos.
Movido pela curiosidade, fui ao seu encontro. Então, aquele louco olhou para mim com olhar fixo e assustador. Seus olhos brilhavam, e por isto eu sentia medo.
Achando que ia conseguir resposta típica de um louco total, perguntei-lhe:
- Com quem você está conversando agora?
O louco olhou para mim com ar de reprovação e respondeu de uma só tacada:
É claro que com você, seu maluco!!!
Fiquei completamente deslocado da realidade, ante aquela resposta tão precisa.
No dia seguinte, procurei um hospício e me internei, e acho que aqueles que se consideram normais, deveriam seguir meu exemplo.
Roberto Armorizzi