O amado
que guardo
nos instantes
sem amanhã é
feito de desassôsego
e profundas contradições.
Às vezes, acho eu que
ele é uma sereia
sem voz ou uma aranha
enrolada numa teia
de ilusões.
Quando volto os meus
olhos quase fechados
para olhar o que ele
esconde, acho que ele
é sagrado.
No entanto, o pensamento
nunca sobrevive até o dia
seguinte.Nunca respira
o tempo.
É,o meu amado é feito
apenas de vento, de
vazios impublicáveis,
de enigmas que não
são tão insondáveis.
Cada dia, a sombra procria
outras verdades.
Largo as mãos do amado
sem muito alarde.
Ele é sempre um algo
que não preciso descobrir.
Volto para dentro de mim
e beijo outras bocas.
Estas são assumidamente
loucas e eu prefiro
assim.
I