quando pelo poema adentro entro
o que sobra de mim
senão esta garrafa de espanto
que no cálice verto
e bebo em sílabas
pejadas de imagens e música
e sou mais do que fui quando o encontro
o poema quando é poema é
o mundo inteiro
na palma da mão gasta imagem
de uma criança
mas imagem imagem verdadeira
como no areal o vento derrubando
o vento as mãos derrubando
um castelo de areia que no entanto
se ergue altivo
com sua torre de menagem
altiva como a imagem gasta imagem
do cálice onde verto a verdadeira
invenção do pão
Xavier Zarco