Porque sei que tinha de te matar, não há ninguém neste mundo que consiga perceber o prazer que isso me deu. Sei que devia observar o teu sangue a jorrar com os olhos cobertos pelas lágrimas que não queria chorar, sei que devia sentir as minhas mãos cobertas pelo teu sangue que jorrava do teu corpo, sei que devia e não há ninguém que me possa julgar pelo que fiz.
Ainda rio baixinho a tua desgraça, ainda me lembro do teu corpo contorcendo-se no chão, as tuas mãos presas ao peito nesses abraços que não demos, os teus olhos presos aos meus.
Que não ousem julgar-me! Tinha de te matar porque já antes me tinhas morto.
Brindemos então à tua pobre morte, brindo ainda com as mãos cheias de sangue, brindo ainda com os olhos cobertos pelas lágrimas que não soube chorar, brindo ainda com a minha morte a tocar-se nos sinos da igreja.
Brindemos a ti amor ferido que me tinhas morto muito antes de te matar, brindemos a ti amor traiçoeiro que me não deixaste viver em paz, brindemos a ti.
. façam de conta que eu não estive cá .