Observei umas disposições assimétricas acessíveis à minha visão. Folhas de plátano aleatoriamente dispostas na calçada irregular perturbavam o meu carácter obsessivo, mas ao mesmo tempo obrigavam-me a respeitar o seu posicionamento. As obras do acaso são a maior obsessão de todas, devido à grande loucura da Sua obra.
A minha fé inabalável na descrença não me impediu: com uma pá, recolhi desastradamente dezoito folhas, remexendo outras duas sem as intimidar. Rasguei as dezoito em quatro partes assimétricas entre partes e entre folhas, em direcções diferentes do Cosmos.
Não é um desafio. Não tomei posição alguma, porque o plátano que as cuspiu não as queria. Não é uma competição: seria tolo da minha parte competir com a Sua.
Se um dia fosse árvore, gostava que levassem para longe e dilacerassem o que rejeito para me renovar. Isso não tem nada de divino, mundano ou sequer desafiante. Um delírio botânico que encaixe nessas categorias seria simplesmente obsessivo o suficiente para ser o acontecimento mais supremo de todos os tempos, para lá dos tempos.
Penso no vento, sem saber o que ele pensa disto.