Futuro escritor.
Outro dia eu estava num vôo do Rio para o sul e havia um rapaz e uma moça, certamente turistas americanos, aqueles que viajam de bermuda e mochila, ele sentado na poltrona da janela com um caderno pequeno e um toquinho de lápis com uma borracha daquelas em forma de toca na outra extremidade do lápis.
E antes do avião levantar vôo o rapaz já estava escrevendo, o que perdurou por quase duas horas, tempo do vôo até Porto Alegre.
Não pude adivinhar o tema que escrevia, mas que fosse carta, poema ou conto, o mais importante, ele escreveu por muito tempo e com velocidade, estava inspirado. Ali pude ver um escritor ou futuro escritor no exercício da escrita.
Por muitos anos pensei em escrever um conto ou romance, eu tinha idéias que quando colocadas no papel não chegavam a dez linhas.
Então pensei, vou começar a escrever contando pequenos casos de família, amigos ou fatos presenciados.
Assim, escrevi muito, mas quase tudo foi para o cesto de lixo e quando vejo um letrista ou escritor dizer, eu não costumo guardar meus manuscritos, por não ter gostado do texto, eu entendo o que ele quer dizer, há um momento que se você reler o que escreveu certamente vai para o cesto.
Mas o exercício da escrita todos deveria experimentar, eu costumo dizer que a melhor escola para o autor em geral são os fatos da vida, conta-los é uma arte.
Já pensou que passamos várias horas em reunião de família ou amigos e todo o tempo contamos fatos da infância como férias, festas e viagem, como falam, imaginar escrever tudo o que contamos ou ouvimos, é um grande exercício.
Assim eu iniciei um conto aqui, uma crônica ali e arquivados em disquete passaram alguns meses e até anos esperando uma segunda leitura e claro muitos foram apagados e outros foram salvos e editados.
Mas voltando ao nosso jovem escritor e inspirador desta crônica, pela velocidade em que escrevia será talvez um jornalista.
Já afirmei algumas vezes que escrever é um exercício que começa na escola, ao resumir uma lição de um livro na aula de português.
Torna difícil para alguns, mas bem feitos ou não, nós temos que fazer. Daí para escrever uma história fictícia ou não, não é tão difícil. Eu comecei assim e não faz muito tempo.
Edmilson Naves