Vi-te. Caminhavas junto ao mar, com passos lentos, contemplando-o. Distante de ti, acompanhava-te, olhando-te com ternura. E falava com o mar, dizia-lhe as palavras de amor que a ti ele fazia chegar pelo rebentar das ondas. E num sorriso teu, eu sabia-as por ti ouvidas. E soprava ao mar beijos que, sob suaves ondas, a teus pés eram entregues. E num passar delicado dos teus dedos sobre os teus lábios, sabia-os por ti recebidos. E elevava os braços para a gaivota que te sobrevoava que, num voo mais rasante, te emitia o calor do meu abraço, do meu corpo. E num envolver dos teus braços em ti que, sob um arrepio, todo o meu corpo percorria, soube-o em ti sentido. Sabias-me na tua direcção, sabias-me em cada carícia recebida. Parámos, defronte para o mar, que se vestia do azul dos meus olhos e do brilho do teu olhar, sempre que em mim pousa. Hoje, só as nossas almas se podem amar. Cerramos os olhos e deixamo-las partir, ao encontro uma da outra que num espectáculo de cores fulgentes que todo o céu ilumina, sabemo-las entregues. Decoram todo o céu do encanto, do amor que as une e sobre a terra desce carinho, na forma de lágrimas, sementes de uma flor com o nosso aroma. E, no seu ponto mais alto, as nossas almas amam-se!... Em seguida, sobre nuvens cor violeta, perfumadas de alfazema, voltam, entram no nosso corpo. Não se despedem. Sabem que o próximo encontro será aquando o dos nossos corpos e, nesse dia, nem o céu será o limite para o encontro de todos os sentimentos que nos unem.
Noite_Saudade