CELESTE, A FLORISTA
Celeste, artista popular
vende flores no mercado
do bairro de Alvalade
perto de sua casa
À noite, prepara seu vestido
e coloca um xaile preto
tão preto como é a noite
que para ela vai começar
ali para os lados de Alfama
cumprindo seu prazer calado
pintado com carinho
amor e dedicação
Lá, numa casa típica
ao som das guitarras
canta bonitos fados
que muitos corações enlaça
com sua voz graciosa
fazendo sentir a todos
as maravilhosas cores da vida
que o fado contem
E ela canta, canta,
canta fados com muito
amor e emoção
Neles, passa um sofrimento
conciso, juntando a solidão
sua companheira
Ela está só, e o fado
é a sua única razão de viver
Celeste, a florista
que tão bem sabe cantar
por alguns momentos da noite
faz que o sentimento na sua voz
deixe feliz os que a ouvem
por um bom pedaço de tempo
De dia, bem cedinho
volta pró mercado
p´ra sua vida ganhar
O fado é a sua grande paixão
que a vai consumindo de amor
À noite, a felicidade aparece
que ela a toma aos bocados
E entre trinados de uma guitarra
o arco íris de sentimentos acontece
deslumbrando outros
que a vida da fadista
eles desconhecem
O povo, ama a Celeste
que os faz esquecer
sua triste dorida vida solitária
Ela canta p´ra alma de todos
com sua voz serena, bela e certa
bebendo as palavras
escritas p´los grandes poetas
Ela vai sendo feliz assim
distribuindo a solidariedade
a vidas, que sabendo-se lá
o que esconderá seus passados
De manhã ao raiar do dia
lá está Celeste no mercado
vendendo suas lindas flores
de belas fragrâncias a pessoas
que nem sequer imaginam
a sua alma vadia de fadista
Celeste, é assim que ama a vida
e só pede felicidades p´ra todos
que à noite naquela casa castiça
a ouvem contar a vida como ela é
nos seus amores e dissabores
nos seus encontros e desencontros
Celeste, é assim
triste e feliz à sua maneira!
de: Fernando Ramos