É verdade, confesso;
Que, quando à noite,
Os olhos fecho,
Minha alma se muda ...
É verdade confesso, não me importo;
Toda magia, encanto
Tudo naquele canto
Cheio de encantos.
É verdade que, na minha rede,
Na minha varanda, olho o céu
E quando não estou lá
Sinto uma saudade intensa
Tão grande, é mesmo imensa.
Se estou aqui; minha alma, lá
Se olho o céu e vejo a Lua
Sinto-me como ela, tão nua...
Longe daquele lugar.
É verdade, não mentiria
Sou do mato, sou da Relva
Das lagoas, dos rios
Á noite me arrepio.
Sinto saudade da festa,
Do silêncio e do ar
Do cheiro, da mata verde
Esta ausência me maltrata
Quero ficar; voltar não!
É verdade que na Lagoa
Minha alma fica à-toa,
Encantada do Luar
Ai como é tudo verdade...
Como tudo é saudade...
Na minha mata tão verde...
Dos grilos, dos pirilampos...
O coaxar dos sapos,
Das Aves, o canto
Meu Deus! em mim há tanta saudade...
Não sei viver noutro lar.
(Ednar Andrade).