A poesia agoniza como a pele,
Sempre que o poeta a repele
De dentro d'alma...
E se torna como um velho souvenir,
Daqueles que a gente vê e tem pena;
De jogá-lo aos recantos da memória...
A poesia agoniza como o vício,
Que mata dia a dia um corpo saudável;
E soca seu próprio rosto contra a parede.
A poesia enoja, cada vez, que nela mentimos,
E sujamos nossas mãos com inverdades.
A poesia agoniza como um barco à deriva,
Que luta contra a morte iminente...
A poesia agoniza, como a dor do parto,
Que contorce nossas entranhas pelo medo.
A poesia fere um olho, e adoça o outro...
Basta focá-la no ponto certo.
A poesia agoniza como um pintinho,
Que quer sair da casca do ovo!
A poesia chora lágrimas de sangue,
Ou de mel, basta que a abelha esteja perto.
A poesia seduz os tristes, e serve de cativeiro...
A poesia tem o poder de repartir o pão,
Mas sem a manteiga quente...
A poesia é uma ponte sem volta,
Pros que Nela um dia ousarem passar.
A poesia é a junção dos Aurélios da vida,
Dos Drummonds, Pessoas e gentes...
A poesia é o resgate de uma auto-estima,
Sofrida, descrente, e que muitas vezes esconde
Nossas reais intenções...
A poesia é o chão batido de barro;
É um gozo no orvalho,
Do menino que virou homem!
A poesia é a loucura escondida,
Que as meninas fazem na vida,
Quando se olham nos olhos!
"Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende." (Guimarães Rosa)