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Ansiedade

 
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Numa ansiedade sem limites,
procuro enfim o limiar do subconsciente.
Ser sem paz de alma!
Singular sem rei nem roque!
Indolente no pensar...
Cúmplice de amor e ódio...
nascente de luz e calor
onde nem a própria morte
sobrevive à dor finita deste prazer.
Invoco a mim
o poder que me foge por entre os dedos.
Já não me tenho!
Já não tenho nada!
Sou só e apenas uma imagem,
um corpo debruçado sobre um corpo
e a fúria permanente,
o desespero, a inconformidade,
a necessidade de permanecer a teu lado
embrulhada nos teus braços,
enlaçada, perdida no teu olhar...
Como é mórbida a dependência!
e, mais decadente ainda,
é esta vontade insaciável de depender
e este vazio que me preenche...
e esse sorriso que carrego...
e estas saudades que choro...

Até já o choro me venceu!

Até já a lágrima se esvai!

Já nem esta sustenho...
e choro... Choro... CHORO
de desgosto, de impotência
perante mim
diante de ti
perante nós os dois
juntos!
eu e eu
separados unidos e apartados
incandescentes e apagados!
Quero-te simplesmente!
Como num sonho em que sonhei querer-te!
Quero-te hoje mais que nunca!
Sou dona dos céus
pertencem-me os sete mares.
Conheço a Lua e o Sol como as minhas mãos;
o teu corpo é tão somente um pedaço meu
e o cheiro da tua pele não me conta segredos.
Só eu sou a ingrata
a desconhecida
a falsa
a estranha.
Tornei-me dona do mundo!
Perdi-me a mim...
... e ganhei um tesouro ao qual não sei dar valor!



cdjsp

 
Autor
Carmen Palmeiro
 
Texto
Data
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1706
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